Modéstia emocional

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Por Jennessa Durney
Você já pensou que a modéstia não é apenas algo que diz respeito ao físico? Os seres humanos são seres compostos, o que significa dizer que são feitos de corpo e alma. Por isso é importante saber que tanto virtudes quanto vícios se relacionam com o corpo e com a alma ao mesmo tempo. Eu gostaria de falar, portanto, sobre a virtude da modéstia. O Catecismo da Igreja Católica diz no parágrafo 2523:“Existe uma modéstia (pudor) dos sentimentos, como existe a do corpo”. A modéstia relacionada com o lado físico das coisas não é novidade para a maioria das pessoas, mas eu aposto que a “modéstia emocional” talvez seja algo que você não pensou muito ainda.



O que é a modéstia emocional? Talvez seja melhor começar com uma analogia. Todos nós experimentamos como pode ser irritante e confuso quando ficamos atrás de um carro com a sinaleira (pisca) ligada quando na verdade ele NÃO PRETENDE FAZER UMA CURVA ou mudar de faixa. É uma das piores sensações para um motorista quando se quer ser caridoso, dando sinais de luz e diminuindo a velocidade para que o “Sr. Pisca-pisca” possa mudar para a minha faixa. Depois se descobre que na verdade ele não queria sair de seu caminho reto – ele apenas esqueceu a sinaleira ligada, ou talvez esteja distraído pela música alta. Bem, em grande parte da mesma forma, a linguagem do corpo de uma pessoa carrega um significado, aponta um sentido. Assim, quando sinalizamos algo com um gesto verbal ou físico as outras pessoas perceberão um significado. Por isso é muito importante entender o que esses sinais falam.

Para começar, eu gostaria de falar sobre como os homens podem se comportar em termos de modéstia emocional para com as mulheres. Assim como muitos motoristas não percebem quando deixam a sinaleira (pisca) ligado, muitos homens não percebem que estão de fato sinalizando algo. Por exemplo, quando um homem começa a lançar elogios para o jeito de uma mulher, ou dando muita atenção a ela, compartilhando sua história de vida, procurando estar perto dela em um evento, gastando tempo com ela, e até mesmo piscando os olhos um pouco demais, ou conversando com ela por longos períodos de tempo sobre vários assuntos, ela pode simplesmente pensar que ele está sinalizando um interesse nela. Nesse ponto, um homem pode pensar que estava apenas sendo amigável, mas uma mulher pode ficar bastante chateada se o sinal não leva a nenhuma ação concreta. Na verdade, é bem possível que, se os sinais continuam, ela venha a abrir seu coração para o homem. Logo ela vai perceber que ele pode estar sinalizando, mas não tem intenção de agir em nada. Ainda assim, quando ela perceber a realidade, já vai estar envolvida, já vai ter investido emocionalmente. Assim como no trânsito, ela se encontrava “diminuindo a velocidade”, esperando o “Sr. Pisca-pisca” mudar para a faixa dela, mas, como isso não aconteceu, ela acelerou e passou na frente.

Do mesmo modo, uma mulher precisa olhar com cuidado para suas “manobras”. Será que ela faz bom uso de seus “sinais”? Ela acelera demais? Em primeiro lugar, vamos analisar os sinais da mulher. Pense sobre isso. Se uma mulher estava vestida de forma provocante e flertando demais com o olhar, ao mesmo tempo em que distribuía toques suaves e gentis, bem, um homem pode ter a impressão de que ela estava interessada nele, ou pelo menos convidando-o a estar. Não é apropriado ser “manipuladora” através da falta de modéstia física ou emocional.

Além disso, uma motorista não precisa só saber como sinalizar corretamente, ela precisa saber também os limites de velocidade na rodovia. Às vezes, as mulheres são vítimas de excesso de velocidade. O que quero dizer? Às vezes, as mulheres são rápidas demais em compartilhar sentimentos com o sexo oposto, especialmente quando o relacionamento tem um caráter romântico. Embora um carro possa ser capaz de ir de 0 a 60 km/h bem rápido, não significa que ele deva. Em vez disso, uma mulher precisa ser cuidadosa e apertar o pedal do acelerador devagar, avaliando o que e quando é apropriado compartilhar alguma coisa. O coração deve ser velado (guardado, escondido) tanto quanto o corpo, porque ambos são mistérios a serem oferecidos no devido tempo. Quando uma mulher não consegue proteger seu coração, ela pode acabar se sentindo usada.

Portanto, a modéstia do corpo e a modéstia do coração são mutuamente importantes, e se aplicam a ambos os sexos. Assim como na nossa analogia no trânsito, se apenas metade dos carros está sinalizando corretamente e a outra metade não, temos o cenário pronto para uma tragédia, é só “esperar para acontecer”.

O Catecismo da Igreja Católica tem muitas outras citações sobre modéstia. No parágrafo 2521, lemos: “a modéstia (pudor) preserva a intimidade da pessoa. Significa recusar-se a revelar aquilo que deve ficar escondido”. A primeira intenção dessa frase diz respeito, com certeza, ao corpo. Entretanto, eu acredito que isso pode ser tratado também em termos de modéstia emocional. Se a exibição do corpo de uma mulher causa problemas para os homens, então sim, ela deve ser devidamente vestida para "permanecer oculta" até que se esteja pronta a fazer de si um dom ao marido. No entanto, também gostaria de dizer que homens e mulheres devem guardar os seus corações, e que o coração deve "permanecer oculto" até que ele ou ela esteja pronto(a) para entregá-lo como dom no casamento. A Bíblia declara que o coração é uma fonte de vida (Provérbios 04,23). Porque iríamos sequer cogitar partilhar esse dom e seduzir alguém a fazer o mesmo, quando as nossas intenções ainda não estão purificadas? Claramente, Deus leva a sério os nossos corações. Então, devemos nós também levar a sério.

O parágrafo 2522 continua dizendo que “a modéstia (pudor) protege o mistério das pessoas e de seu amor”. Dito isto, pode-se dizer como a falta da modéstia emocional deixa o mistério da pessoa e do seu amor desprotegidos. Quando um homem revela seu coração, a mulher pode começar a se permitir ter sentimentos por ele, e então vem o problema quando não há um interesse autêntico dele, mas apenas uma permissividade temporária. O mesmo é verdade para uma mulher que partilha muitas coisas cedo demais antes de estar certa de que o homem está comprometido com ela. Ambas as ações são imprudentes. Cada indivíduo envolvido falhou em proteger a intimidade de seus corações. Tal compartilhamento de corações deve ser reservado para aquele que vai ser o(a) guardião(ã) do seu coração: seu marido ou sua esposa.

O parágrafo continua explicando que a modéstiaconvida à paciência e à moderação na relação amorosa”. Portanto, mesmo se há um sentimento de amor pela pessoa, talvez apenas como amigo, cada pessoa ainda assim deve estar atenta acerca do nível de emoção que vai compartilhar, dependendo da profundidade e da intenção do relacionamento. Finalmente, o parágrafo diz que “[a modéstia] pede que sejam cumpridas as condições da doação e do compromisso definitivo do homem e da mulher entre si”. Esse tipo de expressão de amor é encontrado no enlace matrimonial, quando homem e mulher se tornam uma só carne. Essa união se expressa em todos os níveis da pessoa. Assim, é importante cobrir nossos corpos a fim de fazer uma oferenda pura ao nosso marido ou esposa, mas é também essencial que se encubra (que se vele) também o coração através da modéstia emocional, até que tal expressão de amor (como diz no Catecismo) possa ser perseguida com nobreza, e então consumada na união sacramental.
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Jennessa Durney tem um mestrado em Estudos Teológicos e um Diploma Catequético Apostólico Avançado do Christendom College's Graduate School. Ela também tem um certificado em pastoral da juventude credenciado pela Universidade Franciscana de Steubenville. Jennessa está servindo atualmente como Coordenadora de Pastoral Juvenil na paróquia Nossa Senhora da Esperança, na Diocese de Arlington, sob a direção pastoral do Padre Saunders. Ela tem como paixão o serviço aos adolescentes e adultos jovens, e visa enriquecer as suas vidas através de seu apostolado falado e escrito.

Postado originalmente por Daniel Pinheiro
Fonte: http://vidaecastidade.blogspot.com/2010/07/modestia-emocional.html

O valor real que damos às coisas está na etiqueta que se trazem?

Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Eis que o sujeito desce na estação do metrô de Nova York, vestindo jeans, camiseta e boné. Encosta-se próximo à entrada. Tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.

Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas, num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares. Alguns dias antes, Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custaram a bagatela de mil dólares.

A experiência no metrô, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.

A iniciativa, realizada pelo jornal The Washington Post, era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte. A conclusão é de que estamos acostumados a dar valor às coisas, quando estão num contexto. Bell, no metrô, era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.

Esse é mais um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas, que são únicas, singulares e a que não damos importância, porque não vêm com a etiqueta de preço. Afinal, o que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que podemos ter, sentir, vestir ou ser? Será que os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detêm o poder financeiro? Será que estamos valorizando somente aquilo que está com etiqueta de preço?

Uma empresa de cartões de crédito vem investindo, há algum tempo, em propaganda onde, depois de mostrar vários itens, com seus respectivos preços, apresenta uma cena de afeto, de alegria e informa: Não tem preço. E é isso que precisamos aprender a valorizar. Aquilo que não tem preço, porque não se compra.

Não se compra a amizade, o amor, a afeição. Não se compra carinho, dedicação, abraços e beijos. Não se compra raio de sol, nem gotas de chuva. A canção do vento que passa sibilando pelo tronco oco de uma árvore é grátis.A criança que corre espontaneamente ao nosso encontro e se pendura em nosso pescoço, não tem preço. O colar que ela faz, contornando-nos o pescoço com os braços não está à venda em nenhuma joalheria… E o calor que transmite dura o quanto durar a nossa lembrança.


Vídeo:http://www.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw&feature=player_embedded