Por São Pedro Julião Eymard
Maria Santíssima [...] exteriormente é modesta. Não se faz notar pela severidade nem pela negligência. Sempre humilde e mansa, traz o sinal da simplicidade em tudo que realiza.
Modesta em relação ao mundo. Maria
sacrifica com generosidade a condição de gestante; vai imediatamente,
vencendo grande distância, visitar sua parenta Isavel, levando
felicitações e auxílio. Durante três meses acompanha e serve, trazendo
grande alegria ao lugar. Somente quando a glória do Filho exigir
aparecerá em público. Assistirá às bodas de Caná sem nenhum privilégio.
A modéstia faz com que pratique a caridade de acordo com a ocasião.
Modesta no cumprimento dos
deveres.Desempenha com suavidade, sem precipitações, sempre alegre e
disposta a abraçar uma nova obrigação; não deixa transparecer as
contrariedades, não busca consolações e pela naturalidade não atrai a
atenção dos demais. Modelo exemplar para os adoradores do Santíssimo
Sacramento; cuja vida se compõe de pequenos atos e de pequenos
sacrifícios, que somente Deus deve conhecer e recompensar; cuja glória e
conforto consistem na filial e humilde dedicação no cumprimento dos
deveres, ambicionando agradar o Mestre pela contínua imolação de si
mesmos.
Modesta na piedade. Elevada ao mais alto
grau de contemplação que uma criatura possa atingir, vivendo no
constante exercício do perfeito amor, exaltada acima dos anjos e
constituída Mãe de Deus, mesmo com todas essas prerrogativas, serve o
Senhor com simplicidade; sujeita-se às prescrições da lei, assiste às
festas, reza junto com os demais fiéis; em nada se faz notar, nenhum
exercício exterior demonstra sua piedade e o seu fervor. Assim deve ser a
piedade do cristão: comum em suas práticas, simples em seus meios,
modesto no agir, evitando chamar a atenção, fruto sutil do amor próprio
que leva à vaidade e à ilusão.
Modesta nas virtudes. Possui todas as
virtudes em grau supremo, praticados com suma perfeição, embora de
forma simples e usual. Em todos os favores recebidos, a humildade vê
somente a bondade de Deus, somente agradece. Agradecimento escondido e
sem glória humana. Pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré ? (Jo 1,
46). Ninguém presta atenção em Maria, passa totalmente desapercebida.
Eis o segredo da Perfeição: a
simplicidade, mesmo quando ignorada, saber conservá-la. Uma virtude
acentuada fica exposta, uma virtude louvada pode trazer a ruína; a flor
que mais chama a atenção, murcha depressa.
Afeiçoemo-nos às pequenas virtudes de Maria de Nazaré, que germinam aos pés da cruz, à sombra de Jesus; deste modo, não temeremos as tempestades que abatem os cedros nem o raio que cai no cimo da montanha.
Afeiçoemo-nos às pequenas virtudes de Maria de Nazaré, que germinam aos pés da cruz, à sombra de Jesus; deste modo, não temeremos as tempestades que abatem os cedros nem o raio que cai no cimo da montanha.
Modesta nos sacrifícios. Aceita em
silêncio e conformidade o exílio no Egito. Diante da dúvida de José,
permanece em silêncio, confia na providência. Traspassada pela dor,
acompanha o Filho que carrega a cruz, não grita nem lamenta
exteriormente. No Calvário, mergulhada em sua dor, sofre calada e se
despede do Filho num olhar mudo.
Maria é também modesta em sua glória.
Como Mãe de Deus, possuía todos os direitos e todas as homenagens,
entretanto abraça a provação e o sacrifício. Não aparece nos triunfos
do Filho, porém está aos pés da cruz.
Para ser filhos desta Mãe, devemos nos
revestir de modéstia, deve ser tema usual de nossa meditação. A
modéstia é virtude régia de um adorador do Santíssimo Sacramento, pois
fornece a exterioridade dos sentidos na presença de Deus.
Extraído da Obra Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento: Um mês com Maria, de São Pedro Julião Eymard, Editora Formatto, 2008, p.50-53
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