Por Melissa May
Traduzido por Andrea Patricia
Li recentemente um artigo que destaca
um estudo a partir de Kenyon College em Gambier, Ohio, que descobriu
que um terço dos itens de vestuário comercializados para adolescentes e
pré-adolescentes tem uma conotação sexual, isto é, enfatiza partes
sexuais do corpo, ou envia uma mensagem sexual
Honestamente eu não acho nada disso
surpreendente, pois eu vivo em uma grande área metropolitana e vi muito
os bumbuns “Juicy”e “Pink”* no shopping local, mas ainda assim esse
artigo me pôs a pensar.
Minha primeira reação foi ficar zangada
com os varejistas. Mas os varejistas bem sucedidos não comercializam
fortemente itens de mercado que não vendem. Se eles conhecem o seu
negócio, então eles sabem o que vende. E os quinze sites que o estudo
Kenyon revisou incluíram empresas bem conhecidas e lucrativas como
Neiman Marcus e Justice for Girls (o que me levou a questionar
seriamente se neste Natal eu devo ou não presentear a minha sobrinha com
algo vindo dessa loja novamente. Duvidoso).
Embora não seja incomum ouvir o ditado
“sexo vende” como uma explicação para campanhas de marketing
questionáveis, o que realmente me incomoda é por que o sexo
vende, especialmente quando se trata de roupas pré-adolescentes. As
meninas pré-adolescentes realmente querem roupas sexualizadas? Se sim,
por quê? Qual é a motivação para possuir e usar roupas que enviam uma
mensagem sexual ou mostram suas partes íntimas? E ainda mais
preocupante, é que elas sequer percebem que a roupa é sexualizada. Ou
elas estão tão acostumadas a ver as meninas mais velhas e mulheres com
as mesmas roupas, mostrando as mesmas partes, que elas simplesmente se
acostumaram com a idéia? Ou estão tentando se acostumar com isso?
Eu realmente não sei se é mesmo possível
para as meninas jovens compreender as implicações das idéias que estão
sendo vendidas, mas eu só posso achar que porque elas vêem os seus
modelos de mulher (e eu não estou falando de Lady Gaga, eu estou falando
da Mamãe e da titia e até mesmo da vovó) saindo por aí em jeans skinny
colado, num profundo e revelador decote V, e shorts curtos, então elas
acham que isso deve ser o que elas deveriam usar também.
Lembro-me de ser uma pré-adolescente,
entrando na puberdade, e indo ao shopping um dia com uma roupa apertada
que eu pensei que ia mostrar o meu corpo novo, mais adulto. Eu tinha
visto outras meninas mais velhas se vestindo de forma semelhante, e eu
queria ser crescida, como elas.
Até hoje a única coisa que se destaca
mais em minha mente é como eu me sentia envergonhada quando finalmente
cheguei ao shopping e tentei me mostrar. Eu não sei se eu atraí muita
atenção, mas parecia que todos os olhos estavam sobre mim. E ao invés de
me sentir ótima sobre mim mesma, eu me senti tão conspícua, eu só
queria me esconder, ou melhor ainda, FUGIR.
Tentar pegar o caminho mais rápido para o
que eu achava que era feminilidade não me fez sentir mais confiante em
mim mesma. Isso me aterrorizava. Isso terminou me empurrando na direção
oposta. Eu queria chegar em casa e voltar a ser uma menina pelo maior
tempo possível.
A adolescência é um tempo de aprender e
experimentar novos e muitas vezes confusos sentimentos sobre sexo e sua
própria sexualidade. Embora pré-adolescentes e adolescentes sejam seres
sexuais, isso não é tudo o que eles são. Sua sexualidade é apenas um
componente de sua condição de pessoa, e que eles certamente ainda não
dominam. E ainda, por meio de varejistas no negócio de saber como ganhar
dinheiro e uma geração mais velha que ensinou-lhes a atrair atenção em
vez de admiração, a oportunidade e a motivação que existe é para que se
vistam da forma que dizem que eles têm de se vestir.
Mas não é o trabalho dos varejistas
pensar por nós. Eles não estão no negócio de separar os nossos valores
pessoais. Seu trabalho é fazer o dinheiro e quando vislumbram uma
tendência, eles segui-na. Isso é bom negócio. Mas apenas para desabar
tudo, são a má criação dada pelos pais e os maus líderes que estão aí
quando se trata de criar as nossas mulheres jovens.
A prova definitiva de confiança para uma
mulher hoje é expor o seu corpo, provando assim que ela tem a coragem de
fazê-lo e não se importa com o que os outros pensam. Os nossos próximos
mais jovens não são cegos. Eles vêem o que fazemos e ouvem o que
dizemos que acreditamos, e eles seguem nossos passos. Se não tivermos
cuidado com os passos que damos, com o que mostramos, com o que
proclamamos ao mundo por nossas palavras ou pela nossa aparência, então,
não somente nós vitimamos a nós mesmos, vitimizamos os mais jovens
também, e fazemos isso como tolos inconscientes, tudo em nome de mostrar
a nossa confiança.
Original aqui.
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Notas da tradutora:
*Aqui ela se refere a calças onde são
estampadas na parte traseira as palavras que ela cita, sendo que “Juicy”
significa “suculento”.
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