O “Porquê” do Marketing sexualizado para pré-adolescentes

terça-feira, 24 de abril de 2012

Por Melissa May
Traduzido por Andrea Patricia
     Li recentemente um artigo que destaca um estudo a partir de Kenyon College em Gambier, Ohio, que descobriu que um terço dos itens de vestuário comercializados para adolescentes e pré-adolescentes tem uma conotação sexual, isto é, enfatiza partes sexuais do corpo, ou envia uma mensagem sexual
     Honestamente eu não acho nada disso surpreendente, pois eu vivo em uma grande área metropolitana e vi muito os bumbuns “Juicy”e “Pink”* no shopping local, mas ainda assim esse artigo me pôs a pensar.
     Minha primeira reação foi ficar zangada com os varejistas. Mas os varejistas bem sucedidos não comercializam fortemente itens de mercado que não vendem. Se eles conhecem o seu negócio, então eles sabem o que vende. E os quinze sites que o estudo Kenyon revisou incluíram empresas bem conhecidas e lucrativas como Neiman Marcus e Justice for Girls (o que me levou a questionar seriamente se neste Natal eu devo ou não presentear a minha sobrinha com algo vindo dessa loja novamente. Duvidoso).
     Embora não seja incomum ouvir o ditado “sexo vende” como uma explicação para campanhas de marketing questionáveis, o que realmente me incomoda é por que o sexo vende, especialmente quando se trata de roupas pré-adolescentes. As meninas pré-adolescentes realmente querem roupas sexualizadas? Se sim, por quê? Qual é a motivação para possuir e usar roupas que enviam uma mensagem sexual ou mostram suas partes íntimas? E ainda mais preocupante, é que elas sequer percebem que a roupa é sexualizada. Ou elas estão tão acostumadas a ver as meninas mais velhas e mulheres com as mesmas roupas, mostrando as mesmas partes, que elas simplesmente se acostumaram com a idéia? Ou estão tentando se acostumar com isso?
     Eu realmente não sei se é mesmo possível para as meninas jovens compreender as implicações das idéias que estão sendo vendidas, mas eu só posso achar que porque elas vêem os seus modelos de mulher (e eu não estou falando de Lady Gaga, eu estou falando da Mamãe e da titia e até mesmo da vovó) saindo por aí em jeans skinny colado, num profundo e revelador decote V, e shorts curtos, então elas acham que isso deve ser o que elas deveriam usar também.
     Lembro-me de ser uma pré-adolescente, entrando na puberdade, e indo ao shopping um dia com uma roupa apertada que eu pensei que ia mostrar o meu corpo novo, mais adulto. Eu tinha visto outras meninas mais velhas se vestindo de forma semelhante, e eu queria ser crescida, como elas.
     Até hoje a única coisa que se destaca mais em minha mente é como eu me sentia envergonhada quando finalmente cheguei ao shopping e tentei me mostrar. Eu não sei se eu atraí muita atenção, mas parecia que todos os olhos estavam sobre mim. E ao invés de me sentir ótima sobre mim mesma, eu me senti tão conspícua, eu só queria me esconder, ou melhor ainda, FUGIR.
     Tentar pegar o caminho mais rápido para o que eu achava que era feminilidade não me fez sentir mais confiante em mim mesma. Isso me aterrorizava. Isso terminou me empurrando na direção oposta. Eu queria chegar em casa e voltar a ser uma menina pelo maior tempo possível.
     A adolescência é um tempo de aprender e experimentar novos e muitas vezes confusos sentimentos sobre sexo e sua própria sexualidade. Embora pré-adolescentes e adolescentes sejam seres sexuais, isso não é tudo o que eles são. Sua sexualidade é apenas um componente de sua condição de pessoa, e que eles certamente ainda não dominam. E ainda, por meio de varejistas no negócio de saber como ganhar dinheiro e uma geração mais velha que ensinou-lhes a atrair atenção em vez de admiração, a oportunidade e a motivação que existe é para que se vistam da forma que dizem que eles têm de se vestir.
     Mas não é o trabalho dos varejistas pensar por nós. Eles não estão no negócio de separar os nossos valores pessoais. Seu trabalho é fazer o dinheiro e quando vislumbram uma tendência, eles segui-na. Isso é bom negócio. Mas apenas para desabar tudo, são a má criação dada pelos pais e os maus líderes que estão aí quando se trata de criar as nossas mulheres jovens.
     A prova definitiva de confiança para uma mulher hoje é expor o seu corpo, provando assim que ela tem a coragem de fazê-lo e não se importa com o que os outros pensam. Os nossos próximos mais jovens não são cegos. Eles vêem o que fazemos e ouvem o que dizemos que acreditamos, e eles seguem nossos passos. Se não tivermos cuidado com os passos que damos, com o que mostramos, com o que proclamamos ao mundo por nossas palavras ou pela nossa aparência, então, não somente nós vitimamos a nós mesmos, vitimizamos os mais jovens também, e fazemos isso como tolos inconscientes, tudo em nome de mostrar a nossa confiança.
Original aqui.
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Notas da tradutora:
*Aqui ela se refere a calças onde são estampadas na parte traseira as palavras que ela cita, sendo que “Juicy” significa “suculento”.

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