Antes de iniciar qualquer argumentação neste artigo, gostaria de tratar de algumas cenas que podem acontecer neste contexto:
Cena 1 - Domingo,
antes da missa, o católico (ou a católica) abre seu guarda-roupa e
veste-se normalmente: se está calor, o moço coloca sua bermuda e camisa
regata, e a moça sua blusa de alça e com decote com uma calça de
ginástica, a roupa da moda. Vai à missa, afinal, "o que importa é o que
está no coração";
Cena 2 - Domingo, o
católico se depara com seu guarda-roupa e precisa peneirar para
encontrar alguma roupa que se adeque ao momento: a Santa Missa. Sabe
que precisa vestir-se com "certa" modéstia, então procura alguma roupa
que não tenha nada decotado ou seja muito curto. Vai à missa
satisfeito, afinal, está comportado e vestido "próprio para a ocasião";
Cena 3 - Domingo, um
católico abre seu guarda-roupa e entre todas as suas roupas escolhe
aquela mais apropriada, ou seja, aquela que é a mais bonita, a mais
nova etc, a "roupa de missa", como era chamada antigamente. Não que as
demais roupas não sejam apropriadas, mas é bom sempre agradar um pouco
mais a Deus.
Partindo destas três cenas,
é fácil perceber qual está completamente incorreta: a primeira. O
clichê "o que importa é o que está no coração" só é dito por aqueles
que se recusam a fazer algo mais para Deus, que se esquecem sobre a
sacralidade de seu corpo e acham que o que está no coração não precisa
se refletir no exterior. Entretanto, o que a Igreja prega e sempre
pregou é que a piedade também deve ser demonstrada externamente: de que
adianta eu dizer que respeito e honro a Deus, se me coloco à frente
dEle como me colocaria na frente de um qualquer, em uma praia ou na
academia? Mas e se fosse uma visita a um Rei, ao Presidente, será que
me vestiria assim? Deus pode não "precisar" que nos visitamos com
nossas melhores roupas, mas nós precisamos demonstrar nosso respeito e
adoração por Ele da melhor forma que pudermos, interna e externamente. E
isso com certeza será muito mais agradável ao olhos dEle, se
estivermos bem dispostos no interior e no exterior.
No entanto, a segunda e a
terceira cena podem parecer ter pouca diferença, mas há uma diferença
gritante entre ambos os católicos apresentados. A segunda cena mostra um
católico que tem "roupa decente para ir à missa" e "roupa indecente,
que não dá para ir à missa". Mas... então pode usar roupa indecente fora
da missa? Esta definição de hoje de "roupa de missa" é muito diferente
de outrora, é uma definição que demonstra que não estamos impregnados
com a castidade, com a modéstia, com o pudor em nosso dia-a-dia. O
simples fato de sair da porta da Igreja não nos dá o direito de usar um
decote avantajado ou uma saia curta, "porque está na moda". Todo o dia
é dia para se policiar no vestir, para sermos espelho de Deus, para
darmos testemunho com nosso exemplo.
Já na terceira cena, a
"roupa de missa" como sempre foi vista: aquela nossa melhor roupa, a
roupa mais nova, a mais bonita. Posso não ter mais que duas peças de
roupa, mas aquela que é a que eu mais gosto, então é esta que irei
usar. Posso ter apenas roupas doadas, se minhas condições não permitem
comprar roupas novas, mas "aquela" roupa, a mais bonita, é a que irei
usar. E é isso que importa aos olhos de Deus: não é ter uma roupa que
custe milhões, mas dar o nosso melhor a Ele. Não como no primeiro caso,
onde a pessoa acha que basta dar o seu "melhor interior", mas sim
doar-se por inteiro, da maneira que estiver ao seu alcance, para
agradar a Deus, como aquela mulher que deu apenas algumas moedas, mas
estas poucas moedas eram tudo o que tinha. E neste último caso, a
pessoa já está inteiramente junto de Deus no seu vestir, não tem a
idéia de que roupas decotadas e curtas só não podem ser usadas dentro
da Igreja. Seu exterior reflete o seu interior em todos os lugares e,
principalmente, dentro da casa de Deus e diante do Sacrifício da Cruz.
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