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Para meditar

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

SALVE MARIA IMACULADA!


É, esse trecho citado é de uma obra que trata sobre a Santa Escravidão de Amor e não sobre modéstia, no entanto, Pe. Júlio Maria tem razão quando nos fala que queremos uma virtude sem sacrifícios. Não vou dizer aqui que a modéstia não é difícil principalmente para quem é jovem e principalmente no final do ano, onde as roupas são de tamanhos absurdamente pequenos, onde comprar uma blusa de manga longa é algo incogitável (pelo menos aqui no entorno do DF é), onde você reencontra suas primas ou tias e sempre existe aquele comentário maldoso sobre suas roupas e estilo de vida... Enfim cada qual tem suas dificuldades, mas elas não podem nos deter. É por amor que nós nos vestimos assim, falamos assim, rezamos assim... É por amor e o "amor é sacrifício, que amar é dedicar-se, dar-se, sacrificar-se" (Pe. Júlio Mª. de Lombaerde, na obra já citada).

Assunção da Virgem Maria

domingo, 18 de agosto de 2013

SALVE MARIA IMACULADA!

15 de agosto a Igreja celebra a festa da Assunção da Virgem Maria; como no Brasil a festa é transferida para o domingo, a postagem saiu somente hoje. desculpa esfarrapada, mas é que a quinta foi um dia corrido.

Vieram primeiro as santas virgens. "As filhas a viram e elas apregoaram-na pela mais bem-aventurada" (CT 6, 8). Nós, disseram, ó belíssima Senhora, somos também rainhas deste reino, mas vós sois a Rainha nossa. Fostes a primeira a dar-nos o grande exemplo de consagrar a nossa virgindade a Deus. Por isso vos louvamos e damos graças. Depois vieram os santos confessores saudá-la como sua Mestra, em cuja vida haviam aprendido tantas virtudes excelentes. Vieram os santos mártires saudá-la como sua Rainha, porque com sua grande constância, nas dores da Paixão de seu Filho, lhe ensinara e também alcançara com seus merecimentos a fortaleza para testemunhar a fé com a vida. [...] Mas que deveriam dizer-lhe, quando vieram saudá-la seus caros pais, Joaquim e Ana? Oh! Deus, com que ternura a deveriam abençoar dizendo: Filha dileta, que fortuna foi a nossa a ter tal filha! Eis que agora és a nossa Rainha, porque és Mãe do nosso Deus. Como tal nós te saudamos e veneramos. Mas quem nos dirá do afeto com que veio saudá-la seu caro esposo S. José? Quem nos poderá descrever o júbilo que experimentou o santo patriarca vendo a sua esposa chegada ao céu com tanto triunfo e aclamada Rainha de todo o paraíso? Com que ternura devia lhe dizer então: Ah! Senhora e esposa minha! [...] Por vós eu mereci na terra assistir à infância do Verbo Encarnado, tê-lo tantas vezes nos braços e dele receber graças especiais. Sejam benditos os momentos que gastei na vida a servir a Jesus e a vós, minha santa esposa!

(Glórias de Maria - Santo Afonso Maria de Ligório )

Pequenina escrava de Amor da Santíssima Virgem Maria: Gislaide

Diálogo entre duas jovens cristãs

domingo, 28 de julho de 2013

SALVE MARIA IMACULADA! 

Texto extraído do livro "Audi Filia!, páginas para moças" pelo Padre Geraldo Pires de Souza, 3ª edição de 1937.


- Quem é tu que vens assim de mangas tão compridas, envolta nesta túnica talar, e de véu branco dominical?
- E tu, quem és, com essas vestes sem mangas e tão decotadas, e curtas... De cabelos muito cortados?
- Sou uma cristã do século XX.
- E eu, uma cristã dos primeiros séculos de fé.
- Teu nome?
- Domitila, Águeda, Cecília, Inez, (Filomena), como queiras chamar-me.
- O meu pode ser Haydée, Mimi, Zizi.
- Que nomes!
- Achas graça? Pois são muito eufônicos... E donde vens e para onde vais?
- Venho das catacumbas de Lucila. Passei a noite na cripta com os meus irmãos. Só na solidão e no silêncio da noite é que nos é possível, sem perigo, adorar a Deus.
- E vais ...
- Após pequeno descanso, visitar, na Suburra, uma escrava enferma, recolher o sangue e os despojos de uns mártires sacrificados hoje no Coliseu, cortar ramos de oliveira e apanhar flores para o seu túmulo (mártires). E tu?
- Volto de um baile social.
- De um baile? Como as meninas pagãs do meu tempo? E social? Então a sociedade cristã vive agora a bailar? E o grande perigo para tua alma?!
- Isso mesmo pergunta meu confessor.
- É? ...
- Digo-lhe sempre que nenhum. São todos moços educados.
- Moços educados! Por fora e por dentro? ...
- Só posso ver-lhes o exterior.
- De sorte que te preocupas só com o que aparece!
- Sim, senhora...
- E tu, menina do século XX, te julgas, como Aquiles, invulnerável? Donde esta tua fortaleza? (pra vencer a tentação)
- Faço as nove primeiras sextas-feiras, comungando nesses dias.
- Nove primeiras sextas-feiras para Jesus e os demais dias do mês para o mundo?
- !!...
- Nós comungamos todas as noites... Nas catacumbas.
- É muito comungar.
- É amar muito a nosso Senhor.
- Eu o amo também.
- Sei sim; nas nove primeiras sextas-feiras pela manhã.
- Vós viveis em tempos de perseguição. A Eucaristia é que é a vossa força.
- E a vós, menina cristã, ninguém vos persegue?
- Não!
- Não! E a vaidade? ... As amizades? ... As leituras? ... Os espetáculos e cinemas ...? Olha, menina: os Mandamentos de Deus são invariáveis. E por que te vestes assim, com estes braços e colo tão despidos? Com estas vestes tão ...?
- Mas! ... É a moda.
- E porque não se veste como cristã?
- Achar-me-ão ridícula. Queres que me vista como tu, com uma túnica tão comprida e ampla, com este véu dominical?
- Só quero ver em ti menos transparências. Sabes gramática?
- Estudo para professora.
- Muito bem. Pois os verbos transparecer, descobrir, adivinhar... Não se devem aplicar aos trajes da mulher cristã, nas suas relações com o corpo. Deve bastar-lhe o verbo cobrir... Tu me compreendes?
- Perfeitamente.
- Não te alegres por te acharem de talhe delgado, de ... Rejubila-te quando te achares um anjo de pureza e de beleza sobrenatural. Compreendes?
- Sim, sim.
- Pois medita sobre tudo isso, e adeus, senhorita Mimi.
- Adeus, Cecília.

(Grifos meus)  

Pequenina escrava de Amor da Santíssima Virgem Maria: Gislaide

Sugestão de leitura

sábado, 20 de julho de 2013

Salve Maria Imaculada!

"Seleta de textos sobre a Modéstia" é ótimo tanto para quem estar começando a trilhar esse caminho agora, tanto para quem já tem alguns aninhos de experiência; é ótimo para curiosos sobre o assunto e para quem quer se aprofundar mais. Conta com pronunciamentos de Papas, cardeais, bispos, monsenhores, cônegos e padres (acho que como eu você nunca imaginou que a Igreja tivesse falado tanto da modéstia).









"Nesta reconstrução, a modéstia tem o papel de gata borralheira, juntamente com a humildade.Ela não visa a altura de suas irmãs Fé, Esperança e Caridade. Não tem a direção da vida moral como a Prudência, nem a importância da Justiça, nem o brilho da Força. Ela é uma virtude anexa da menor das virtudes morais, que é a Temperança. Sua  função é a de introduzir a medida dar razão nos movimentos externos do corpo, ou seja, nas palavras, nos gestos e na vestimenta. Ser virtuoso é viver segundo a nossa natureza racional iluminada pela Fé". (Prefácio - Ir. Tomás de Aquino OSB).

Para quem quiser adquirir:

Pequenina escrava de Amor da Santíssima Virgem Maria: Gislaide

Modéstia dos olhos

sábado, 15 de junho de 2013

SALVE MARIA IMACULADA!

(Alguns trechinhos do livro Seletas de textos sobre a Modéstia - Escravas de Maria)

Santo Agostinho diz: "Do olhar nasce o pensamento, e do pensamento a concupiscência". Se Eva não tivesse olhado para o fruto proibido, não teria pecado; ela, porém, achou gosto em contemplá-lo, parecendo-lhe bom e bel; apanhou-o então, e fez-se culpada da desobediência. 
Aqui vemos como o demônio nos tenta primeiramente a olhar, depois a desejar e, finalmente, a consentir.
[...] 
"Quem contempla objeto perigoso começa a querer o que antes não queria". (São Gregório)
("Escola da Perfeição Cristã", obra compilada dos escritos de Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja, vertida para o português segundo a edição alemã do Padre Paulo Leick, pelo Padre José Lopes, C.SS.R)

Isso não é instrução direcionada somente aos homens, mas também a todas as mulheres, afinal "Na luta contra o pecado não existem fracos ou fortes, mas prudentes e imprudentes" (Padre Luis Carlos Lodi).

Pequenina escrava de Amor da Santíssima Virgem Maria: Gislaide

Sermão sobre contracepção

quarta-feira, 15 de maio de 2013





Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave Maria…


“Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, mas chorais sobre vossos filhos. Porque eis que virá um tempo em que se dirá: Ditosas as estéreis e ditosos os seios que não geraram e os peitos que não amamentaram.” (Lc XXIII, 28-29)

 

     Eis aqui a única referência que Cristo faz à contracepção e à mentalidade contraceptiva. Claro que essas palavras de Nosso Senhor são suscetíveis de várias interpretações e se aplicam a circunstâncias diversas, em particular ao momento da queda de Jerusalém e mesmo ao fim dos tempos. Mas é claro que Nosso Senhor se refere, aqui, também à contracepção e à mentalidade contraceptiva. E Ele o faz no meio de seus maiores sofrimentos, durante a Via Sacra. Durante toda a história da humanidade nunca vimos um período em que a contracepção estivesse tão disseminada como em nossos tempos. É preciso chorar, nos diz Nosso Senhor.

     A Igreja tem o direito e o dever dados por Deus para julgar sobre a moralidade dos atos e esse poder da Igreja em relação à moral se estende à Lei Natural, à explicação da Lei Natural. Esta lei decorre da própria natureza das coisas, a lei que decorre da própria natureza do homem, criada por Deus. Nós vemos que Deus formou nossas faculdades de um certo jeito e que, consequentemente, elas devem ser usadas segundo a intenção do Criador, se não quisermos ofendê-lo e prejudicar a nós mesmos.  Em outras palavras, Deus nos fez de um certo modo e isso traz para nós consequências de como devemos agir. De forma semelhante, quando se fabrica um carro, o fabricante o faz de uma certa maneira, tendo em vista seus objetivos. Assim, ele pode fabricar um carro que funciona somente com gasolina. Ora, se alguém vai contra a intenção do fabricante e coloca álcool no tanque de combustível, o carro terá vários problemas e não funcionará corretamente como deveria, se tivesse sido observada a intenção do fabricante.

     Dentre as faculdades que Deus deu ao homem, há a faculdade reprodutiva. E Ele formou tal faculdade de forma que dois aspectos dela sejam inseparáveis. No ato conjugal devem se encontrar necessariamente juntos os aspectos unitivo e procriativo. O elemento unitivo consiste no fato de que o ato conjugal, por sua própria natureza, faz do homem e da mulher uma só carne, unindo-os fisicamente. O aspecto unitivo não é aqui o amor entre os cônjuges, mas a união que faz deles uma só carne. O elemento procriativo consiste no fato de que o ato conjugal, por sua própria natureza, está fundamentalmente ordenado à procriação. Assim, esses dois aspectos do ato conjugal não podem nunca separar-se. Se alguém os separa irá gravemente contra a lei natural e, portanto, contra Deus, autor da lei natural. É de suma importância compreender isso: o aspecto unitivo e o aspecto procriativo não devem ser separados. Deus quis que os filhos fossem gerados por meio da união que se realiza no ato conjugal. E essa união pelo ato conjugal só se justifica quando tal ato é feito sem excluir a procriação.

     Essa doutrina imutável da Igreja nos leva a algumas conclusões importantes. Ela condena, por exemplo, a fertilização in vitro e a inseminação artificial, pois aqui o aspecto unitivo é deixado de lado. A Igreja é defensora da família e dos filhos, mas não a qualquer custo. Os fins não justificam os meios. A Igreja não pode ir contra a lei natural, contra Deus, para favorecer a procriação. Essas práticas que deixam de lado o aspecto unitivo vão gravemente contra a lei natural, feita por Deus, e são objetivamente um pecado grave.

     Outras consequências decorrem da doutrina da Igreja. Ela significa que uma pessoa não pode ser esterilizada a fim de evitar os filhos: ligadura das trompas e vasectomia são gravemente proibidas e também os que recomendam esses procedimentos e os médicos que os realizam cometem grave pecado. Esses procedimentos, sendo possível, devem ser revertidos, se o casal ainda se encontra em idade fértil. Preservativos e qualquer outro tipo de barreira artificial, como diafragma, por exemplo, também não são moralmente lícitos. Também as pílulas não podem ser tomadas, evidentemente, para evitar os filhos. E vale destacar que essas pílulas não somente impedem a gravidez, como podem causar aborto, impedindo a fixação do embrião na parede uterina, por exemplo.

     Em 1968, o Papa Paulo VI, na Encíclica Humanae Vitae, confirmou o ensinamento constante e imutável da Igreja tanto em relação aos dois aspectos do ato conjugal que não podem ser separados quanto à proibição dos métodos anticoncepcionais.

     Outra, porém, é a avaliação moral dos assim chamados métodos naturais, quer dizer, aqueles em que o casal reduz o uso do matrimônio aos dias inférteis da mulher. Em relação aos métodos naturais, é preciso dizer que é perfeitamente lícito o ato conjugal no período infértil, pois nesse caso a infertilidade não decorre da vontade dos cônjuges, mas da própria natureza. Assim o ato conjugal é lícito quando a infertilidade é natural, decorrente, por exemplo, do ciclo da mulher ou da idade. Todavia, embora os métodos naturais sejam em si moralmente lícitos, eles não podem ser usados por razões de contracepção ou por uma mentalidade contraceptiva, quer dizer, para evitar os filhos a todo custo ou para reduzir o número de filhos a um número que seja agradável para o casal.

     Para utilizar os métodos naturais de forma moralmente aceitável, é preciso que haja razões graves para que uma nova gravidez não aconteça. Destaco bem: são necessárias razões graves. Essas razões graves podem ser de ordem médica, eugênica, social, econômica. De ordem médica, física ou psicológica, por exemplo, se uma nova gravidez traz riscos sérios para a saúde da mãe. De ordem eugênica, por exemplo, se a probabilidade de o filho nascer com problemas ou deficiências é grande ou se há grande probabilidade de aborto espontâneo. De ordem social, por exemplo, se o governo aborta sistematicamente as crianças de um casal após o nascimento do primeiro, como é o caso na China. De ordem econômica, se o nascimento de mais um filho colocará os pais em situação econômica realmente difícil, por exemplo.

     As razões de ordem econômica devem ser graves: o não conseguir dar o melhor colégio ou a melhor comida para o filho não são razões graves. O ter de comprar um carro pior ou ter de baixar o status econômico também não são razões graves. Tem-se exagerado muito a questão econômica para justificar o uso dos métodos naturais. Repito: a razão econômica deve ser realmente grave. Como podem surgir muitas dúvidas sobre o saber se uma razão é ou não suficiente para a utilização dos métodos naturais, é preciso consultar um padre de segura doutrina moral. Pio XII diz: “se essas graves razões (para utilizar os métodos naturais) não estão presentes, a vontade de evitar habitualmente a fecundidade da união, mas continuando a satisfazer plenamente a sensualidade, só pode derivar de uma falsa apreciação da vida e de motivos alheios às retas normas éticas”.

     Resumindo, utilizar os métodos naturais sem ter uma razão realmente grave para tanto, é moralmente ilícito, é pecaminoso e deriva de uma mentalidade contraceptiva que precisa ser evitada, pois, além de ser em si pecaminosa, termina conduzindo à contracepção de fato. Além disso, para que os métodos naturais sejam utilizados é preciso que os dois cônjuges estejam de acordo, pois tais métodos supõem a abstenção do ato conjugal durante um certo período e isso não pode ser feito sem que o dois estejam de acordo, até para não dar lugar a tentações contra o matrimônio. O casal pode usar os métodos naturais para aumentar a chance de filhos, evidentemente. Podem, mas isso não é obrigatório, Ninguém está obrigado a ter o maior número possível de filhos, mas, sim, a aceitar todos os filhos que Deus enviar como fruto do uso normal do matrimônio.

     A contracepção e a mentalidade contraceptiva são hoje praticamente onipresentes. E, infelizmente, mesmo entre os católicos. A crise atual é de fé e moral. E as consequências são drásticas, lastimáveis e graves. A primeira consequência é, claro, para o próprio casal que vê a vida matrimonial naufragar. A recusa da primeira finalidade do matrimônio, que é a procriação, trará grandes prejuízos para o casal. A contracepção faz que homens e mulheres sejam vistos como objetos para fins sexuais. Mas a contracepção e a mentalidade contraceptiva causam também graves problemas na sociedade. O problema do aborto está diretamente ligado à contracepção. Ora, o objetivo da contracepção é fazer de tudo para praticar o ato conjugal sem ter filhos. Com essa mentalidade contraceptiva os filhos passam a ser vistos como inimigos do casal.  Mas, e se os métodos anticoncepcionais falharem? Ora, a gravidez vai contra a intenção de ter filhos, então, é preciso fazer um aborto. Depois se segue o infanticídio, pois se eu posso matar a criança na barriga da mãe, por que não posso matar assim que ela nascer? E isso já está sendo proposto em alguns países: o aborto pós-parto, quer dizer, o assassinato da criança depois de nascida. E tudo isso é lógico, pois o crime é o mesmo – o assassinato de um bebê – só muda o lugar e o momento. A que ponto chegamos, caros católicos?

     A chamada paternidade responsável por meio do uso da contracepção é, na verdade irresponsável e causa a irresponsabilidade. Ela é irresponsável, pois a pessoa quer justamente praticar um ato sem arcar com as consequências naturais de seu ato. Isso é o que se chama irresponsabilidade. E se a irresponsabilidade é defendida em matéria tão fundamental e básica, é claro que ela vai se propagar para outros domínios da vida. Não é por acaso se as pessoas e a sociedade tem se tornado cada vez mais irresponsáveis.

     O próximo passo, depois do aborto, é a eutanásia. A razão para não ter crianças é o fato delas serem um peso, um fardo. O passo seguinte é, então, eliminar os idosos que se tornam igualmente inconvenientes. Uma vez que o princípio por traz da contracepção – isto é, o prazer sem responsabilidades e a eliminação de tudo o que pode ser inconveniente – foi aceito, as consequências lógicas chegam, mais cedo ou mais tarde. E depois dos idosos, serão eliminados da sociedade todos aqueles que ela de alguma forma acha que são inconvenientes, que são um peso. E isso começa, por exemplo, com o aborto dos fetos anencefálicos. Nossa sociedade tão moderna e tão evoluída faz com muito mais perfeição o que fazia a Alamenha nazista de Hitler. Nós vemos, então, que a contracepção está na raiz da cultura da morte e podemos enxergar claramente a gravidade da contracepção e da mentalidade contraceptiva. E notem que, historicamente, a cultura da morte, de fato, começa com a contracepção, em seguida passa ao aborto, depois vem a eutanásia, e, finalmente, a eliminação de todos os que são considerados um peso por essa sociedade degenerada. Tudo foi muito bem organizado pelo inimigo do homem. É preciso notar também que quando uma sociedade se torna contraceptiva, há um aumento da homossexualidade, pois a contracepção indica que a finalidade das nossas vidas é o prazer sensual. E se a finalidade é essa, qualquer forma de prazer desse tipo se torna válida. Tudo está ligado, caros católicos.

     É preciso, portanto, ficar longe da contracepção, da mentalidade contraceptiva e de todas as suas consequências. A nossa atitude face aos filhos deve ser como a de Nossa Senhora: “faça-se em mim segundo a vossa palavra”. Os três bens do casamento são os filhos, a fidelidade e a indissolubilidade, O maior deles, porém, são os filhos. Os filhos não são um peso e não são um mal. Ao contrário, eles são a alegria e a glória dos pais. O casal deve estar sempre aberto a todos os filhos que Deus quer enviar e não podem evitá-los nunca por métodos anticoncepcionais e só poderão fazê-lo utilizando métodos naturais se houver razões graves para isso, como dissemos. Nesse assunto, reitero, é preciso consultar um padre que tenha segura e sólida doutrina moral.

     Aquele filho que o casal quer evitar – sem ter uma causa grave para tanto – é o filho que, talvez, nos planos de Deus iria mudar a família, como São Bernardo, que levou para a vida religiosa mais de trinta familiares. Ou talvez o filho que o casal queira evitar seja aquele que pode trazer grandes benefícios para a sociedade. Pode ser o santo de que nossa época tanto precisa. É preciso confiar também na providência divina. Se Deus manda um filho aos pais que permanecem fiéis e generosos, ele dará os meios para que os pais possam, cooperando com a graça divina, educar o filho e ajudá-lo a se salvar. Deus não pode nos pedir nada que seja impossível. Mas é preciso também recorrer a Ele. Grandes graças estão reservadas para o casal que confia na providência divina, aceitando todos os filhos que Deus manda.

“Faça-se em mim segundo a vossa palavra.”
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

A mulher na escola de Maria


     



     Um dos mais belos elogios que se têm feito da SS. Virgem é sem dúvida aquele que Dela fez S. Ambrosio nas palavras que acabamos de citar: a vida de Maria pode servir de regra a todas as vidas. É debaixo d’este ponto de vista, tão fecundo em lições práticas, que eu quereria estudar, durante este mês abençoado, a vida de Maria. Contemplá-la-emos então, alternadamente,como o modelo de todas as pessoas, das esposas, das mães de família, das viúvas, das pobres, das almas piedosas, como nosso modelo enfim em todas as condições da vida. Hoje, para introdução às instruções que vão seguir-se, tentemos responder a estas duas questões cuja solução não pode deixar de ser interessante: o que é o mês de Maria? Quais são os meios de aproveitarmos dele?


     1° O que vem a ser o mês de Maria? O mês de Maria é um mês especialmente consagrado a honrar a mãe incomparável de Deus e dos homens. A alma, nestes dias, diz-lhe de que amor arde por Ela, de que amor mais vivo ainda Ela deseja ser abrasada; diz-lhe com que impaciência espera o momento em que a há de amar sem interrupção e sem receio, com os coros celestes, com a assembleia dos bem-aventurados. Assim a alma preludia o amor da eternidade.



     O mês de Maria é um mês consagrado a meditar os privilégios insignes da Mãe de Jesus, e estes privilégios são admiráveis: predestinada desde a eternidade, estava presente no pensamento de Deus, no seu amor e na sua ternura, antes da origem dos séculos; estava presente aos conselhos da sua omnipotência e da sua sabedoria, quando criava o mundo e se dispunha a torná-lo a morada do homem; aos conselhos da sua misericórdia, quando deixava cair sobre Adão a sentença da sua justiça mitigada pelas promessas de perdão; aos conselhos da sua providência paternal, quando escolhia um povo, quando abençoava os patriarcas, quando iluminava os profetas e preparava as nações para a vinda de seu Filho. Maria era o objeto especial da predileção divina, quando era concebida isenta da mácula comum a todos os homens; prevenida da superabundância das graças celestes; saudada simultaneamente como mãe de Deus e Virgem imaculada; quando participava da efusão do Espírito Santo sobre os apóstolos; quando morria cheia de dias e inebriada de esperanças; quando ressuscitava antes do fim do tempo para ir assentar-se triunfante sobre um trono mais elevado que o trono dos querubins, Rainha dos Anjos, Mãe dos justos e Advogada dos pecadores. Tudo é privilegio nesta criatura maravilhosa. A alma admira-a sobre a terra e sente desfalecerem as suas forças; o espírito contempla-a e reconhece a sua fraqueza; para contemplar Maria, para A admirar, são precisos os esplendores e a vida da eternidade.

     O mês de Maria é um mês consagrado ao estudo das doces e heroicas virtudes da Filha mais perfeita do Rei dos reis, do santuário por excelência do Espírito Santo; um mês consagrado ao estudo da sua doçura, da sua modéstia, da sua humildade, da abnegação de si própria, do seu desprendimento e do seu desprezo do mundo, do seu zelo pela oração e coisas de Deus, da sua compaixão pelos pobres e pecadores, da sua caridade para com Deus, do seu amor da cruz e da vida escondida, de todas as virtudes enfim de que a sua alma estava cheia, como estava cheio de flores embalsamadas o jardim de delícias sob a Mão de Deus. Estudar estas virtudes é neste mundo a sabedoria; imitá-las é a vida; implantá-las no seu coração é a beatitude antecipada, é a aurora da celeste eternidade.

     O mês de Maria é um mês consagrado a orar à protetora dos cristãos, ao refúgio dos pecadores; um mês em que, com mais fervor, o pecador implora a sua conversão; o justo, a perseverança; a alma entregue à tentação, a vitória; a alma submetida à prova, a coragem e o alívio dos seus males. Que força não tem a oração a Maria, o apelo à sua misericórdia e ao seu poder! Mas a oração é o grito da indigência, da necessidade, da fraqueza, da angústia para a que é rica, forte, generosa, terna e compassiva; é o grito da criança para a sua mãe. Orar a Maria é premunir a alma contra os perigos do presente e as incertezas do futuro. Só Deus conhece tudo o que a oração a Maria obtém de graças, de conversões, de benefícios inesperados, de triunfos sobre o mundo e sobre o inferno; só a assembleia dos santos pode contar aqueles a quem a oração a Maria conduz todos os dias para a cidade bem-aventurada.

     E ainda dizemos mais: o mês de Maria é o mês das flores, o mês dos belos cânticos da natureza e dos seus mais puros perfumes. Não era justo que a piedade dos povos fizesse deste mês uma flor, um hino, um incenso de mais, oferecido Àquela que é o lírio imaculado da terra? Àquela cujo nome que per si é um cântico, uma melodia para o coração, e cujas virtudes espalham o odor da mirra, do cinamomo e do incenso? Esta piedade dos povos, a Igreja abençoou-a e propagou-a, e este mês de maio, o mais belo dos que nos dá a natureza, já não é chamado senão o mês de Maria. E em todas as paróquias católicas, nas cidades como nas mais humildes aldeias, celebra-se este mês de bênçãos. De todos os templos, de todos os santuários elevam-se acentos de amor em honra da Virgem bendita.

     O mês de Maria é como que um prolongamento das santas alegrias da Páscoa, Passamos assim da mesa eucarística ao altar de Maria, dos braços de um pai ao coração de uma mãe. Cada uma das outras solenidades consagradas a Maria não nos rejubila senão um dia, e deixa cada noite uma saudade às nossas alegrias. Esta, celebramo-la todo um mês, e cada noite conservamos a doce segurança de a encontrarmos no dia seguinte. Sim, é durante trinta e um dias que se elevará, de todos os pontos do mundo, o nosso concerto de louvores e de amor em honra Daquela que é o amor do céu e da terra. Durante um mês inteiro encheremos os seus altares de lumes e de flores, e endereçar-lhe-emos as nossas filiais orações. Do trono que lhe tiverem elevado as nossas mãos, do meio da auréola com que nós tivermos cercado a sua meiga imagem, vê-la-emos sorrir para os nossos votos, para as nossas homenagens, para as nossas confiantes invocações. Salve, pois, mês bendito, tocante festa celebrada em honra Daquela que é a nossa irmã e a nossa Mãe, nossa vida, doçura e esperança nossa. Formoso mês de Maria, mês dos seus favores mais especiais, prolonga então o teu curso; que as tuas horas amadas decorram lentamente, porque Maria é a nossa mãe, e é doce para os filhos repousar no regaço da sua mãe! Ela é a fonte das graças, e nós temos tanto que pedir!

     Como aproveitar do mês de Maria? Permita-me, que cite algumas palavras de um celebre cronista, (Venet) as quais sob uma forma familiar vos darão úteis lições.

     O mês de Maria, escreve ele, tem bem razão de ser uma festa jubilosa que nos dispensa das mortificações; mas festejêmo-lo, mortificando alegremente algumas das nossas fraquezas. Oferecem-se nestes dias à SS. Virgem magníficas flores colhidas nos jardins; façamos isto, e façamos outra coisa. Ponhamo-nos em condições de lhe oferecer, no termo do mês que, ora começa, um bonito ramo de defeitos colhidos no jardim que vós sabeis, e de onde eles brotam tanto! Julgais que semelhante bouquet seria mal acolhido? Engano! Conheço um indivíduo que guarda cuidadosamente um raminho de urze, do tamanho de um dedo, e estima-o mais do que a mais bela rosa ou o mais esplendido cacho de lilás. É que ele colheu o humilde pezinho de urze, com grande custo, e com as mãos avermelhadas pelo frio, no cume do Monte Branco! Pois bem! Deste raminho de urze deste Monte Branco, não há de que se jactar; todos o podem atingir. Com um bom guia, bons sapatos ferrados, e o estimulante do orgulho, o primeiro touriste recém vindo chega à cumeeira e arranca a urze. Arrancar um defeito ou um velho viciozinho é diversamente mais difícil! E assim, devemos estar convencidos de que a oferenda de que eu falava ainda há pouco teria mais valor aos olhos da SS. Virgem do que o mais rico ramo de flores naturais, tanto mais que um não impede o outro. O método é o seguinte : no primeiro dia escolhereis um dos vossos defeitos, meditá-lo-eis afim de o detestardes, e de um ao outro sol fareis esforços contra ele para o vencerdes. No segundo dia, passais a outro defeito, desconfiando sempre do primeiro que só está meio vencido. Isto vos importuna, mas tende paciência. No terceiro dia, um terceiro defeito, e a mesma prática. É já menos difícil. No quarto dia, quarto defeito, e assim sucessivamente até ao trigésimo dia, levando o ataque a trinta defeitos diferentes. Direis talvez: Mas seria preciso ter trinta defeitos! Isso seria enorme! Ah! Senhor retirai mui depressa esta objeção; mesmo sem examinar o seu caráter ou os seus hábitos à lupa, cada um de nós tem bem mais de trinta defeitos. Metei mãos à obra generosamente, e estai bem certas de que apesar da vossa boa vontade, ficar-vos-á ainda com que fazer um belo ramo no próximo ano.



PRÁTICA

      Desde hoje, estudemos a nossa paixão dominante, a fim de a combatermos e de começarmos por ela a reforma dos nossos defeitos.


ORAÇÃO

     Oh! Nossa Senhora de Maio, durante este mês que nos é tão caro, com que transportes não viremos rodear os vossos altares! Que felicidade de contarmos os vossos louvores, e de repetirmos junto a vós este cântico que os séculos não cessam de repetir, e que nós repetiremos com eles: Vós sois bem-aventurada! Feliz não somente porque trouxestes no vosso seio e aquecestes ao vosso coração o filho do Eterno, mas sobretudo, feliz e bem-aventurada, porque crestes na palavra de Deus, e praticastes a sua lei. Obtende-nos, oh Nossa Mãe, que a creiamos e pratiquemos como vós mesma, afim de que um dia possamos ser felizes à Vossa beira.

Assim seja.

Festa da Anunciação de Maria Santíssima – 25 de Março

domingo, 25 de março de 2012

Por Santo Afonso Maria de Ligório
São Gabriel - Anunciação - Beato AngélicoEcce concipies in utero et paries filium, et vocabis nomen eius Iesum — «Eis que conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus» (Luc 1, 31).
Sumário. Eis como Maria, enquanto na sua casa está suplicando a Deus pela vinda do Redentor, vê um anjo que a saúda e lhe anuncia ser ela mesma destinada para Mãe do Salvador. A humilde Virgenzinha, julgando-se nimiamente indigna de tamanha honra, fica toda perturbada; mas afinal dá o consentimento, e naquele mesmo instante o Verbo divino se tornou seu Filho. Ó grande Mãe de Deus, vós, tão privilegiada e tão humilde, nós tão pecadores e tão orgulhosos! Obtende-nos a santa humildade.
I. Querendo Deus enviar seu Filho para se fazer homem e assim remir o homem perdido, escolheu-lhe uma mãe virginal, entre todas as virgens a mais pura, a mais santa e a mais humilde. Enquanto Maria estava em sua pobre casa suplicando a Deus pela vinda do Redentor, eis que lhe aparece um anjo que a saúda e lhe diz: Ave gratia plena: Dominus tecum; benedicta tu in mulieribus (Luc 1, 28) — «Ave, cheia de graça: o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres. Que faz a humilde Virgenzinha ouvindo tão elogiosas palavras? Não se desvanece, mas cala-se perturbada, julgando-se indigna de tais louvores: Turbata est in sermone eius — «Turbou-se com as suas palavras». — Ó Maria, vós tão humilde, e eu tão orgulhoso! Obtende-me a santa humildade.
Mas, ao menos aqueles louvores não fizeram surgir à Maria a ideia, que porventura fosse ela escolhida para Mãe do Redentor? Não, serviram tão somente para fazê-la entrar num grande temor, de modo que foi preciso que o anjo a animasse a não temer, porque tinha achado graça diante de Deus. E então anunciou-lhe que era escolhida para Mãe do Salvador do mundo: Ecce concipies in utero, et paries filium, et vocabis nomen eius Iesum — «Eis que conceberás, e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus».
Ora, pois, assim lhe fala São Bernardo, porque tardais, ó Virgem santa, a dar o consentimento? O Verbo Eterno espera-o para tomar a natureza humana e fazer-se vosso filho; também o esperamos nós, que estamos infelizmente condenado à morte eterna. Se consentirdes em ser Mãe do Redentor, todos nós seremos livres da morte eterna. Respondei, Senhora, depressa: não retardeis mais a salvação do mundo, que agora depende de vosso consentimento. Mas felizmente, eis que Maria já responde ao anjo: Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum. Eis aqui, diz a Virgem, eis aqui a escrava do Senhor, obrigada a fazer o que seu Senhor ordena. Se ele escolhe uma escrava para sua mãe, não se louve a escrava, mas unicamente a bondade do Senhor, que se digna honrá-la assim. — Ó Bem-Aventurada Virgem Maria, quanto soubestes agradar e ainda agradais a vosso Deus! Tende piedade de mim!
II. Ó Virgem imaculada e santa, das criaturas a mais humilde e maior diante de Deus! Éreis bem pequena a vossos próprios olhos, mas aos olhos de vosso Senhor éreis tão grande, que ele vos elevou a ponto de vos escolher para sua mãe. Dou graças a Deus por vos ter elevado tão alto, e me regozijo convosco ao ver-vos tão unida a Deus, que mais o não podia ser uma simples criatura. Vendo que juntais tamanha humildade a tantas perfeições, envergonho-me de aparecer diante de vós, orgulhoso como sou, não obstante tantos pecados. Mas, miserável como sou, quero saudar-vos.
Ave Maria, gratia plena: Vós sois cheia de graça, obtende-me uma parte dela. Dominus tecum: O Senhor foi sempre convosco, desde o primeiro instante da vossa existência, mas a vós se uniu muito mais estreitamente fazendo-se vosso filho. Benedicta tu in mulieribus: Ó mulher bendita entre todas as mulheres, obtende-nos também as divinas bênçãos. Et benedictus fructus ventris tui: Ó feliz planta, que destes aos mundo tão nobre e santo fruto!
Sancta Maria, Mater Dei: Ó Maria, reconheço que sois verdadeiramente Mãe de Deus, e em defesa desta verdade pronto estou a dar mil vezes a minha vida. Ora pro nobis peccatoribus: Se sois Mãe de Deus, sois também Mãe de nossa salvação, Mãe dos pobres pecadores, porque, para salvar os pecadores, é que Deus se fez homem, e se ele vos fez sua Mãe, é para que vossas orações tenham virtude de salvar qualquer pecador. Rogai então por nós, ó Maria — Nunc et in hora mortis nostrae. Rogai sempre: rogai agora que estamos expostos a mil tentações e perigos de perder a Deus; mas rogai sobretudo na hora de nossa morte, afim de que, salvos pelos merecimentos de Jesus Cristo e por vossa intercessão, possamos ir saudar-vos e louvar a vosso divino Filho e a vós, no céu, durante toda a eternidade.
«Ó Deus, que mediante a embaixada do anjo quisestes que vosso Verbo tomasse carne no seio da Bem-Aventurada Virgem Maria: concedei-me que, assim como a venero como verdadeira Mãe de Deus, seja ajudado pela sua intercessão junto a vós»[1]. Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo. (*I 340.)
[1] Or. festi.
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Santo Afonso Maria de Ligório. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Primeiro: Desde o primeiro Domingo do Advento até Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p.454-456.

Leia mais em: http://www.mulhercatolica.org/2012/03/festa-da-anunciacao-de-maria-santissima.html#ixzz1qBcu2vRr
Mulher Católica

Quarta-feira de Cinzas

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

QUARESMA

A CAMINHO DA PÁSCOA


Começamos na Quarta-feira de Cinzas uma solene e generosa caminhada que nos vai conduzir à Páscoa da Ressurreição do Senhor. Como poderemos vivê-la de acordo com a vontade do Senhor, manifestada na Liturgia da Igreja?
Trata-se de responder com seriedade, com honradez humana e sobrenatural, ao apelo à conversão (= libertação) que o Senhor nos dirige. Algumas sugestões poderão ajudar a nossa generosidade pessoal.
No que se refere à vivência da Quaresma, o Concílio Vaticano II, na Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, recomenda o seguinte:
«Ponham-se em maior realce, tanto na Liturgia como na catequese litúrgica, os dois aspectos característicos do tempo quaresmal, que pretende, sobretudo através da recordação ou preparação do Baptismo e pela Penitência, preparar os fiéis, que devem ouvir com mais frequência a Palavra de Deus e dar-se à oração com mais insistência, para a celebração do mistério pascal. Por isso:
a) utilizem-se com mais abundância os elementos baptismais próprios da liturgia quaresmal e retomem-se, se parecer oportuno, elementos da antiga tradição;
b) o mesmo se diga dos elementos penitenciais. Quanto à catequese, inculque-se nos espíritos, de par com as consequências sociais do pecado, a natureza própria da penitência, que é detestação do pecado por ser ofensa de Deus; nem se deve esquecer a parte da Igreja na prática da penitência, nem deixar de recomendar a oração pelos pecadores.
A penitência quaresmal deve ser também externa e social, que não só interna e individual. Estimule-se a prática da penitência, adaptada ao nosso tempo, às possibilidades das diversas regiões e à condição de cada um dos fiéis. Recomendem-na as autoridades a que se refere o art. 22.
Mantenha-se religiosamente o jejum pascal, que se deve observar em toda a parte na Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor e, se oportuno, estender-se também ao Sábado santo, para que os fiéis possam chegar à alegria da Ressurreição do Senhor com elevação e largueza de espírito. (110).[1] »
Guiados por esta indicação, apresentamos as seguintes sugestões, em ordem a viver o melhor possível o tempo da Quaresma, a caminho da Páscoa da Ressurreição do Senhor.
I. OUVIR COM MAIS FREQUÊNCIA A PALAVRA DE DEUS

Formação doutrinal

Leitura da Paixão do Senhor. Poderia fazer-se, em cada família, a leitura de um trecho da Sagrada Escritura todos os dias, em momento oportuno.
Esta leitura poderia ser em forma de Lectio divina, de tal modo que nos ajudasse a fazer oração pela Bíblia.

Estudar o Catecismo da Igreja Católica. Na sequência do Concílio Vaticano II, foram publicados o Catecismo da Igreja Católica e o Catecismo da Igreja Católica: Compêndio. Este último está elaborado com perguntas e respostas, lembrando o Catecismo de S. Pio X, para facilitar a memorização da Doutrina.
É inegável a ignorância religiosa, mesmo entre os que se auto-classificam católicos praticantes. As pessoas pronunciam-se sobre as verdades da fé e da moral católica sem qualquer conhecimento. De modo inconsciente, estão a repetir o que ouvem na Rádio, na Televisão, ou à mesa do café.
Com a família ou famílias reunida(s) poderia fazer-se o estudo deste Catecismo, lendo um pequeno trecho – pela mesma pessoa, ou por leitores à vez –, seguida pelo comentário de cada um dos presentes.

II. ORAÇÃO MAIS FREQUENTE

Entre outras formas de oração, indicam-se especialmente, para este tempo, as seguintes:

Via Sacra. É uma devoção tradicional em que meditamos a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Consta de 14 estações (alguns acrescentam-lhe a 15ª sobre a Ressurreição) que nos ajudam a percorrer um caminho espiritual e a compreender melhor a Pessoa de Jesus e o Amor que tem por nós. A Via Sacra é, fundamentalmente, uma escola de Amor e apelo à doação.
Podemos fazê-la em grupo, ou em casa, se há qualquer impedimento (doença, prisão, etc.). O fundamental à meditar na Paixão de Jesus. [2]

Terço em Família. É a oração recomendada por Nossa Senhora e pelos Santos Padres. Também a família é chamada a converter-se nesta Quaresma. A oração em comum é o caminho que muito a pode ajudar.
Lectio Divina. É uma forma aprofundada de oração, a partir da leitura da Sagrada Escritura, que exige de nós disponibilidade de tempo e de espírito. Surgiu nos mosteiros e foi promovida por grandes mestres da espiritualidade, como S.toAgostinho, S. Jerónimo, S. Gregório Magno e outros. [3]
Inicia-se, como toda a oração, pela preparação do ambiente exterior e interior, avivando a fé, preparando o lugar onde se realiza o encontro: coloca-se a Bíblia aberta numa estante ou sobre a mesa. Também os participantes se preparam, não só com a sua postura, mas ainda com um «coração limpo». Façamos um acto de humildade e um acto de contrição. Cada um deve trazer a Bíblia ou um texto impresso.
a) Invoca-se o Espírito Santo para que, assim como Ele fez que a Palavra se convertesse em livro, também o livro se torne Palavra.
b) Procura-se a passagem bíblica indicada e preparam-se perguntas que, a partir da vida, ajudem a compreender o texto. Lê-se, em primeiro lugar, a sós ou em grupo, essa passagem da Escritura, e se possível, há-de ser introduzida ou explicada por uma pessoa competente.
c) Segue-se um tempo de meditação individual em silêncio, aprofundando do sentido do que se leu, eventualmente com a partilha da palavra.
d) À medida que se formos escutando o que Deus nos diz, respondamos com a oração, a qual pode tomar diversas formas: de arrependimento, de acção de graças, de intercessão, de súplica ou de louvor;
e) Na medida da graça do Espírito Santo, esta oração desabrocha em saborosos momentos de contemplação, que tornam mais viva e cheia de intimidade a comunhão com Deus, e predispõe-nos para uma vida mais santa e mais activa no apostolado.

III. OBRAS PENITÊNCIA
Sobre este tema, a Lei da Igreja assinala o seguinte:
Obrigação da penitência. Todos os fiéis, cada qual a seu modo, por lei divina têm obrigação de fazer penitência; para que todos se unam entre si em alguma observância comum de penitência, prescrevem-se os dias de penitência em que os fiéis de modo especial se dediquem à oração, exercitem obras de piedade e de caridade, se abneguem a si mesmos, cumprindo mais fielmente as próprias obrigações e sobretudo observando o jejum e a abstinência, segundo as normas dos cânones seguintes. (Cânone 1249).
Práticas de penitência. O cânone enuncia-as:
a) a oração. Não se diz que os fiéis se dediquem a ela durante o tempo penitencial exclusivamente, mas que o façam «de modo especial».
b) As obras de caridade e de piedade. Podem ser muito variadas. Basta recordar as obras de misericórdia e as muitas práticas de piedade tradicionais na Igreja.
c) o cumprimento fiel e amoroso dos próprios deveres, uma das formas de penitência mais agradáveis ao Senhor.
d) o jejum e a abstinência, quer submetendo-se humildemente às prescrições da Igreja nesta matéria, quer por iniciativas pessoais generosas.
Dias e tempos de penitência. Os dias e tempos de penitência na Igreja universal são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma. (Cânone 1250).
a) São dias penitenciais todas as sextas-feiras do ano. Esta norma, possivelmente, encontra a sua origem, na lembrança da morte de Cristo e vem desde os tempos apostólicos, sem qualquer interrupção.
b) Quanto aos tempos, resumem-se à Quaresma tradicional, embora as formas de penitência em nossos tempos tenham recebido uma atenuação notável nos últimos tempos, não só pelas diversas condições de trabalho em que as pessoas vivem, como também para chamar a atenção que a principal penitência é a interior. Acrescente-se ainda a preparação dos catecúmenos para o Baptismo no final da Quaresma, na celebração da Vigília Pascal.
A Constituição sobre as Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium (n.º 109) sublinha o especial carácter penitencial da Quaresma, indicando que as práticas de penitência devem fomentar-se «de acordo com as possibilidades do nosso tempo e dos diversos países e condições dos fiéis.»
Práticas próprias dos dias penitenciais. Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta‑feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Cânone 1251).
Indicam-se neste cânone as práticas próprias dos dias penitenciais, e distingue quatro categorias delas: a) As sextas-feiras, em geral; b) as sextas-feiras que coincidem com as solenidades; c) a Sexta-Feira Santa; e d) a Quarta-Feira de Cinzas.
Abstinência. A norma geral consiste na abstinência de carne ou de outro alimento que determine a Conferência Episcopal, em todas as sextas-feiras do ano. O «outro alimento» de que se fala deve ser entendido à luz do cânone 1253, no qual se confia às Conferências episcopais a missão de concretizar esta forma de penitência com opções alternativas.
Havendo a coincidência da sexta-feira com uma solenidade, mesmo que não seja de preceito, a abstinência não é preceituada neste dia.
Sexta-Feira Santa continua uma tradição que a Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium recolheu: «há-de ter-se como sagrada» e «celebrar-se em toda a parte» (SC 110). Esta tradição concretiza-se no jejum e abstinência.
O jejum. Esteve sempre unido à abstinência, ou seja, quando há jejum, há abstinência. No entanto, a penitência de Sexta-Feira Santa tem um carácter pascal, pois o tempo festivo da Páscoa inicia-se com a celebração da Missa Comemorativa da Ceia do Senhor, na tarde de Quinta-Feira Santa, dando princípio ao Tríduo Pascal.
Quarta-Feira de Cinzas é também dia de jejum e abstinência, pois neste dia começa a grande caminhada da Quaresma.
Sábado Santo não é dia de jejum nem abstinência, embora a Constituição Litúrgica (110) recomende a continuação do jejum, por ser parte do «jejum pascal».
«É importante sublinhar o valor não só ascético, mas também sacramental das sextas-feiras do ano e da Sexta-Feira Santa, como expressão do seguimento de Cristo no dia semanal e anual consagrado à memória da Sua Paixão». [4]
Sujeitos da lei da abstinência e do jejum. Estão obrigados à lei da abstinência os que completaram catorze anos de idade; à lei do jejum estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos. Todavia os pastores de almas e os pais procurem que, mesmo aqueles que, por motivo de idade menor não estão obrigados à lei da abstinência e do jejum, sejam formados no sentido genuíno da penitência. (Cânone 1252).
O cânone estabelece o seguinte:
a) Sujeitos à lei da abstinência: as pessoas que completaram catorze anos de idade, sem qualquer limite de idade para terminar esta obrigação, a não ser a doença ou outra causa semelhante.
b) Devem observar a lei do jejum as pessoas que completaram dezoito anos de idade (cfr c. 97 § 1) até completarem os cinquenta e nove (cfr c. 203).
c) Pedagogia penitencial. Os pastores de almas, os pais e outros educadores hão-de procurar que sejam formados no sentido genuíno da penitência também aqueles que, por motivo de idade inferior à que está prescrita, não são obrigados à lei da abstinência e do jejum.
Como sugestões neste sentido, temos a oração, as obras de piedade e de caridade e o cumprimento das próprias obrigações (cfr c. 1249). É muito importante ainda uma recta formação da consciência das crianças e adolescentes em tudo o que se relaciona com o cumprimento dos deveres, porque os ajuda a superar o voluntarismo, a preguiça e o egoísmo, com a imitação amorosa de Jesus Cristo.
Concretização da abstinência ou jejum
Fazendo uso desta faculdade prescrita pelo cânone 1253, a Conferência Episcopal Portuguesa, pela Instrução Pastoral de 2.II.1982 sobre a Disciplina Penitencial, estabeleceu algumas normas. Mais tarde, nas Normas de observância penitencial para as Dioceses Portuguesas, de 28.I.1985, [5] reformulou toda a matéria porque, entretanto, havia sido promulgado o novo Código de Direito Canónico (25.I.1983).
Em todas estas Normas da CEP está latente o espírito da Constituição Pænitemini de Paulo VI.
«O jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. Na disciplina tradicional da Igreja, a concretização do jejum fazia-se limitando a alimentação diária a uma única refeição, embora não se excluísse que pudessem tomar-se alimentos ligeiros às horas das outras refeições (pequeno almoço e jantar
«Ainda que convenha manter-se esta forma tradicional de jejuar, contudo os fiéis poderão cumprir opreceito do jejum, privando-se de alimentos ou bebidas que constituem verdadeira privação ou penitência».
Entre as alternativas ou substituições da abstinência, mencionam-se:
a) A oração – «o exercício da via-sacra; a recitação do rosário; a recitação de Laudes e de Vésperas do ofício das horas, a participação na Santa Eucaristia; uma leitura prolongada da Sagrada Escritura».
b) A esmola: «poderão cumprir o preceito penitencial através da partilha de bens materiais. Esta partilha deve ser proporcional às posses de cada um e deve significar uma verdadeira renúncia a algo do que se tem ou a gastos disponíveis ou supérfluos».
«Os cristãos que escolheram como forma de cumprimento do preceito da penitência uma participação pecuniária orientarão o seu contributo penitencial para a finalidade determinada, a indicar pelo Bispo diocesano».
«Os cristãos depositarão o seu contributo penitencial em lugar devidamente identificado em cada igreja ou capela, ou através da Cúria diocesana. Na Quaresma, todavia, em vez desta modalidade ou concomitante com ela, o contributo poderá ser entregue no ofertório da Missa dominical, em dia para o efeito fixado».
Outras mortificações voluntárias, na medida das possibilidades e generosidade de cada pessoa.
Lembramos a abstinência do tabaco para os que têm o hábito de fumar; dispensar alguma vez o transporte para pequenas distâncias ou utilizar os transportes públicos; mortificação na comida e bebida, referente à qualidade ou à quantidade, etc.

IV. EXERCÍCIO DA CARIDADE

Visita aos doentes e idosos. Uma ajuda muito agradável a Deus é a visita aos doentes, idosos, encarcerados e outras pessoas que se encontrem em provação: pelo falecimento de uma pessoa familiar ou amiga, ferida por um grande desgosto, etc.

Aproximar do Sacramento da Reconciliação e Penitência. Um grupo de quatro homens valentes levaram um paralítico num catre junto de Jesus que estava em Carfanaum Na impossibilidade de entrar em casa, por causa da multidão ali reunida, subiram ao terraço, abriram passagem e desceram o catre até junto de Jesus. Ele perdoou-lhe os pecados e curou-o. (cf Mc 3, 1 e ss.).
Não poderíamos ajudar algumas pessoas a aproximarem-se do Sacramento da Reconciliação e Penitência, inspirados neste gesto narrado no Evangelho?
Em qualquer dos casos, programemos diante de Deus como viveremos neste ano a melhor Quaresma de sempre, a caminho da Páscoa da libertação.
Fernando Silva


fonte:http://www.presbiteros.com.br/site/roteiro-homiletico-%E2%80%93-quarta-feira-de-cinzas/

Modéstia - A verdadeira amizade

domingo, 8 de janeiro de 2012

DA GUARDA DO CORAÇÃO
A VERDADEIRA AMIZADE


A modéstia dos olhos pouco nos servirá se não vigiarmos sobre o nosso coração. "Aplica-te com todo o cuidado possível à guarda do teu coração, diz o Sábio (Prov 4, 27), porque é dele que procede a vida". É aqui o lugar apropiado para se dizer algumas palavras sobre as amizades e, primeiramente, sobre as santas, depois sobre as puramente naturais e, afinal, sobre as perigosas.

Descrevendo São Paulo a corrupção moral dos gentios, enumerava entre seus vícios a falta de sentimento e de susceptibilidade para a amizade. A amizade, segundo São Tomás, é mesmo uma virtude. A perfeição não proíbe se entretenham amizades, diz São Francisco de Sales; exige somente que sejam santas e edificantes, a saber, só devem ser mantidas aquelas uniões espirituais por meio das quais duas, três ou mais pessoas, comunicam entre si seus exercícios de devoção, seus desejos piedosos e sentimentos nobres, tornando-se como que um só coração e uma só alma para a glória de Deus e o bem espiritual próprio e alheio. Com toda a razão podem tais almas exclamar: "Vede quão bom e suave é habitarem os irmãos em união" (Sl 132, 1). São Francisco diz mais que, em tal caso, o suave bálsamo da caridade destila de coração em coração por meio dessas mútuas comunicações, e bem pode-se dizer que Deus lança Sua benção sobre tais amizades, por toda a eternidade (Fil., III, c. 19).

Tais amizades são recomendadas pela Escritura mesma, em termos eloqüentes: "Nada se pode comparar com o valor de um amigo fiel, e o valor do ouro e da prata não iguala a bondade de sua fidelidade" (Ecli 6, 16). "Um amigo fiel é um remédio para a vida e a mortalidade, e os que temem o Senhor encontram um tal" (Idem). Mas como podeis aconselhar as amizades particulares, dirá alguém, quando elas são tão rigorosamente condenadas por todos os ascetas? Respondo: As amizades particulares são proibidas unicamente nos claustros e com toda a razão, pois é imperiosamente necessário que todos os religiosos se amem mutuamente com amor fraterno, para que haja uma vida comum claustral. Ora, num claustro, as amizades particulares podem facilmente ocasionar perturbações dessa mútua caridade, dando ocasião a invejas, suspeitas e outras misérias humanas. São Basílio não hesitou dizer que as amizades particulares em um convento são uma sementeira perpétua de invejas, de desconfianças e inimizades. O mesmo acontece nas famílias em que o pai ou a mãe tem mais carinhos para um filho que para os outros. Os filhos de Jacó odiavam seu irmão José, porque seu pai lhe dedicava um amor especial.

Não há, além disso, nenhum motivo de se alimentar tais amizades num estado religioso, pois, num convento, onde reinam a disciplina e a ordem, todos os membros tendem ao mesmo fim, à perfeição, e não é necessário travar amizades particulares para animar-se mutuamente ao serviço de Deus e ao trabalho do aperfeiçoamento próprio.

Os que, vivendo no mundo, desejam dedicar-se à prática da virtude verdadeira e sólida, precisam, pelo contrário, de se unir aos outros por uma amizade santa e edificante, para poderem, por meio dela, se animar, se auxiliar e se estimular ao bem.

Há no mundo poucas pessoas que tendem à perfeição e muitas que não possuem o espírito de Deus e, por isso, é preciso que os bons, quanto possível, evitem os que podem impedir seu adiantamento espiritual e travem amizade com os que os podem auxiliar na prática do bem.

Quanto às amizades puramente naturais, deve-se dizer que elas têm seu fundamento na nossa natureza, que nos compele a amar nossos pais, nossos benfeitores e todos aqueles em quem vemos belas qualidades e com quem simpatizamos. Esta espécie de amizade é o laço da família e da sociedade, mas facilmente degenera em amizades falsas; por exemplo, se os pais, por um carinho demasiado, toleram as faltas de seus filhos, ou se um amigo ofende a Deus para agradar a seu amigo, etc. As amizades naturais só são agradáveis a Deus se as santificarmos por meio da boa intenção; por exemplo, amando a nossos pais e amigos por amor de Deus.

Tratado da Castidade

Fonte:Escravas de Maria