“Observando a modéstia, edificamos sumamente os outros e os estimulamos à prática da virtude.” (Santo Afonso de Ligório, Tratado da Castidade.)
Apresentamos, sobre a forma de perguntas e respostas, algumas questões relacionadas à virtude da modéstia:
1 – O que é a modéstia?
A modéstia é uma virtude anexa à temperança, e diz respeito a todas as ações exteriores, e – mais especificamente – a maneira e o recato na hora de se vestir.(1)
2 – O que se entende por “ações exteriores”?
São os gestos, tom de voz, palavras e toda a maneira de nos expressarmos quando conversamos, nossas atitudes em geral, os divertimentos e entretenimentos que escolhemos.(2) A modéstia nas ações exteriores significa ser calmo e comedido, saber portar-se em público, ter reservas em se mostrar demasiadamente. A modéstia, portanto, refreia o desejo imoderado de destacar-se perante os outros.
3 – Então a modéstia também envolve os atos relacionados com os jogos, diversões e recreações em geral?
Sim, neste caso toma a virtude o nome de eutrapélia, ou virtude que preside as diversões e aos recreios, evitando que se peque seja por excesso, seja por defeito.(3)
4 – O que se entende por “maneira e recato na hora de se vestir”?
Entende-se explicitamente a roupa que vestimos e nossas escolhas perante a moda de nossa época. O recato diz respeito àquilo que deve estar coberto: são as partes de nosso corpo que devemos proteger, não deixando à mostra para que sirvam de deleite e ocasião de pecado para o próximo. As mulheres, especialmente, podem chamar uma atenção equivocada ou mesmo imoral para si mesmas – através de um vestuário revelador ou insinuante. A modéstia no vestir pressupõe um respeito ao pudor(4): reconhece o corpo como Templo do Espírito Santo, e por isso deixa-o velado segundo as normas cristãs.
5 – Que prescreve a modéstia no que toca a maneira de vestir?
Segundo Santo Tomás de Aquino, não se deve ter afeição a vestidos ou roupas luxuosas, nem tampouco ostentar um vestuário pobre e desalinhado.(5) Isso diz respeito, sobretudo, a classe social a que pertence a pessoa que escolhe determinado tipo de roupa: cada qual vista-se de acordo com a posição e estado que ocupa.
6 – O que seria um vestuário “decente”?
A decência dos trajes – como observou São Francisco de Sales – “no tocante a matéria e as formas só se pode determinar com relação as circunstâncias do tempo, da época, do estado e das vocações [seja a pessoa casada, solteira, religiosa ou consagrada]”.(6) Isto significa que não há uma forma única para uma igualmente única peça decente no mundo. As roupas, modelos e materiais de que são feitos podem e de fato variam; todas as épocas passaram por transformações no que diz respeito ao vestuário, e ora os vestidos tinham determinado volume e forma, ora tinham outro.
7 – Então uma roupa é considerada decente apenas de acordo com os padrões da moda atual?
Não, pois é fato que os padrões da moda atual podem estar em total desacordo com a moral católica. É preciso escolher, dentro do que a moda contemporânea produz, aquilo que seja mais digno e esteja de pleno acordo com a doutrina moral da Igreja.
8 – O que diz a doutrina moral da Igreja sobre o assunto? Até quanto é permitido mostrar do nosso corpo?
Segundo a moral católica, nosso corpo é dividido em partes honestas, semi-honestas e desonestas. As partes desonestas são as partes íntimas e regiões vizinhas. As semi-honestas ou menos honestas são os seios, braços, flancos. As partes honestas são as mãos, os pés e o rosto.(7) A Igreja – através dos Papas, dos santos e de seus membros mais dignos – tem insistido para que o vestuário cubra tantos as partes desonestas, quanto as semi-honestas do corpo.(8)
9 – Então se uma roupa não cobre as partes desonestas e semi-honestas do corpo, ela é indecente?
Revelar as partes desonestas do corpo – deliberadamente, de maneira total ou parcial – é matéria grave. Quanto às partes semi-honestas, é matéria menos grave. Há uma tolerância para se mostrar os braços, enquanto se considera indecente a mulher revelar os seios.(9) Uma blusa corre menos risco de revelar os seios se tem alguma manga (protege as laterais) e se o decote não é muito baixo. Da mesma forma, uma saia que cubra os joelhos terá menos risco de revelar as partes desonestas da mulher do que uma mais curta (levando em consideração que a mulher se movimenta muitas vezes durante o dia, sentando-se e levantando, de maneira que pode revelar alguma coisa).
10 – A mulher pode usar maquiagem e outros adornos?
É permitido à mulher casada ou com intenção de casamento usar certos adornos, desde que isto seja feito de maneira honesta e moderada. Por isso, entende-se que tanto a maquiagem, quanto os enfeites são permitidos – desde que observe estas recomendações.(10)
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NOTAS
(1) A Suma Teológica de Santo Tomaz de Aquino em forma de Catecismo. Autor: Padre Tomaz Pègues, O.P.
(2) A Suma Teológica de Santo Tomaz de Aquino em forma de Catecismo. Autor: Padre Tomaz Pègues, O.P.
(3) A Suma Teológica de Santo Tomaz de Aquino em forma de Catecismo. Autor: Padre Tomaz Pègues, O.P.
(4) Catecismo da Igreja Católica, Edição Típica Vaticana, 2000.
(5) A Suma Teológica de Santo Tomaz de Aquino em forma de Catecismo. Autor: R. P. Tomaz Pègues, O.P.
(6) Filotéia (ou Introdução à Vida Devota). Autor: São Francisco de Sales.
(7) Compêndio de Teologia Moral. Autor: Padre Teodoro da Torre Del Grecco.
(8) Eis as palavras do Cardeal Basilio Pompili (Cardeal-Vigário do Papa XI), em orientação datada de 24 de setembro de 1928: “… um vestido não pode ser considerado decente se ele tem um corte mais fundo que dois dedos abaixo da cova da garganta, o qual não cobre os braços pelo menos até os cotovelos e chega até um pouco abaixo do joelho. Além disso, vestidos com material transparente são impróprios.”
(9) Esta tolerância foi concedida através do Padre Bernard Kunkel, fundador da Marylike Crusade – Cruzada Mariana em prol da castidade e modéstia por meio de imitação da Santíssima Virgem. Cremos ser esta concessão da mais inteira confiança, visto que o Papa Pio XII deu a benção papal ao apostolado do Pe. Kunkel em duas diferentes ocasiões e seus estatutos foram aprovados pela autoridade eclesiástica vaticana – incluindo esta concessão.
(10) Suma Teológica. Autor: Santo Tomás de Aquino.
fonte:http://mariaemodestia.com/modestia/o-que-e-modestia/
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