Sei que hoje isso é algo considerado “ultrapassado”, “radical” entre outras coisas. Muitos dirão que isso até é reflexo de um costume machista e que inferioriza a mulher e tal. Mas isso não é verdade. Eu estou me referindo ao uso do véu na Santa Missa. Aliás, não só na Santa Missa, mas em qualquer ato de devoção.
Primeiro temos que entender o motivo.
Um deles é bíblico. “Quero, porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo. Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra a sua cabeça. Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua cabeça, porque é a mesma coisa como se estivesse rapada.” (1 Co 11.3-5)
Veja que na Escritura, S. Paulo fala que é vergonhoso que oremos com a cabeça descoberta. Que em sinal de submissão devemos ter a cabeça coberta. Oras, dirá você, mas que argumento machista, por causa de homens eu vou cobrir minha cabeça? Não. Não é machismo, é um reconhecimento: Deus fez o homem, que é a sua (de Deus) glória. E dele (de Adão, do homem) nos fez, sendo nós a sua (do homem) glória (1 Co 11.7). Além disso, diz S. Paulo, que devemos cobrir a cabeça por causa dos anjos (1 Co 11.10).
Além disso, temos um motivo mais sublime. Muito mais. Não é por homens que o fazemos, mas pelo Senhor. Veja, até os anjos cobrem seu rosto em face de estarem diante de Deus (Is 6.2)!! Os anjos são puros, sem pecado, mas reconhecem o que é estar diante da majestade de Deus, diante do Criador de todas as coisas e cobrem seu rosto. Não iremos nós também nos cobrir diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento?
Sim, não só na hora da missa, pois se estivermos na igreja, o Senhor está lá no Sacrário, sempre presente. Se formos fazer atos piedosos (orar, etc.) em público, ainda que não na igreja, também convém, pois não estaríamos nós com isso testemunhando nosso amor a Jesus, assim como Nossa Senhora o fez?
Uma outra coisa interessante, é que nos tempos do Antigo Testamento, descobrir a cabeça da mulher estava relacionado à vergonha, maldição, etc.
Em Números, depois de falar de como proceder no caso de adultério, o texto sagrado diz que “Então apresentará a mulher perante o Senhor, e descobrirá a cabeça da mulher, e lhe porá na mão a oferta de cereais memorativa, que é a oferta de cereais por ciúmes; e o sacerdote terá na mão a água de amargura, que traz consigo a maldição” (Números 5.18)
A Igreja sempre recomendou o uso do véu. São Jerônimo, escrevendo uma carta, abordou o assunto dizendo:
“É comum nos mosteiros do Egito e da Síria que as virgens e viúvas que se entregaram a Deus, renunciaram ao mundo e jogaram ao chão os prazeres, peçam às mães de suas comunidades que cortem seus cabelos; não que depois elas possam ir com as cabeças descobertas em desafio ao mandamento do Apóstolo, elas usam uma capa fechada e véu.” (Carta 147, 5)
Hoje se diz muito por aí que “o que importa é o interior”, etc. Mas a grande verdade é que não somos “puro espirito” e sim somos uma unidade de corpo e alma, e o interior e exterior se refletem mutuamente. E, com freqüência, o nosso exterior revela o nosso interior, a nossa fé e espiritualidade. Cá pra nós, não é estranho você ver alguém que se diz muito temente a Deus andando com roupas sensuais, etc? Você e eu esperaríamos (corretamente) que a vida e o exterior dessa pessoa correspondessem à alta profissão de fé que ela faz, não é?
Além do mais, veja que tudo que é importante na liturgia da Igreja é coberto: o cálice com o Sangue de Nosso Senhor é coberto durante a missa até o momento da consagração, O sacrário, onde fica permanentemente o Corpo de Nosso Senhor, é coberto por um véu frontal. A Virgem Santíssima também. Você já viu uma imagem da Ssma. Virgem onde ela estivesse descoberta? Repare que em todas as invocações que conhecemos dela, a vemos de véu.
O véu por séculos simbolizou a castidade, a modéstia e a santidade da mulher cristã. A Igreja sabendo disso, instava por todos os séculos com suas filhas que o usassem, simbolizando pureza, santidade, humildade, qualidades que vemos em Nossa Senhora. Por que então não adotarmos uma coisa tão simples, mas como vimos, tão cheia de significados?Publicado originalmente no blog Tantum Ergo
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