MODÉSTIA DOS OLHOS

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

 Salve Maria Puríssima!

Quase todas as paixões que se revoltam contra nosso espírito têm sua origem na liberdade desenfreada dos olhos, pois os olhares livres são os que despertam em nós, de ordinário, as inclinações desregradas. "Fiz um contrato com meus olhos de não cogitar sequer em uma virgem", diz Jó (Jó 31, 1). Mas, por que diz ele de não pensar sequer em uma virgem? Não parece que deveria dizer: Fiz um contrato com meus olhos de não olhar sequer? Não, ele tem toda a razão de falar assim, porque o pensamento está intimamente ligado ao olhar, não se podendo separar um do outro, e, para não ter maus pensamentos, propôs-se esse santo homem nunca olhar para uma virgem.
                            
Santo Agostinho diz: "Do olhar nasce o pensamento, e do pensamento a concupiscência". Se Eva não tivesse olhado para o fruto proibido, não teria pecado; ela, porém, achou gosto em contemplá-lo, parecendo-lhe bom e belo; apanhou-o então, e fez-se culpada da desobediência.

Aqui vemos como o demônio nos tenta primeiramente a olhar, depois a desejar e, finalmente, a consentir. Por isso nos assegura São Jerônimo que o demônio só necessita de nosso começo: dá-se por satisfeito se lhe abrimos a metade da porta, pois ele saberá conquistar a outra metade. Um olhar voluntário, lançado a uma pessoa do outro sexo, acende uma faísca infernal que precipita a alma na perdição. "As primeiras setas que ferem as almas castas, diz São Bernardo (De mod. ben. viv., serm. 23), e não raro as matam, entram pelos olhos". Por causa dos olhos caiu Davi, esse homem segundo o coração de Deus. Por causa dos olhos caiu Salomão, esse instrumento do Espírito Santo. Por causa dos olhos, quantas almas não se perderam eternamente?

Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: "Meus olhos me roubaram a vida" (Jer 3, 51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte. São Gregório diz (Mor. 1, 21, c. 2): "Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastarão e nos obrigarão, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade". "Quem contempla objeto perigoso, acrescenta o Santo, começa a querer o que antes não queria". É também o que diz a Sagrada Escritura (Jdt 10, 17), quando diz que a bela Judite escravizou a alma de Holofernes, apenas este a contemplou.

Sêneca diz que a cegueira é mui útil para a conservação da inocência. Seguindo esta máxima, um filósofo pagão arrancou-se os olhos para guardar a castidade, como nos refere Tertuliano. Isso, porém, não é lícito a nós, cristãos; se queremos conservar a castidade, devemos, contudo, fazer-nos cegos por virtude, abstendo-nos de olhar o que possa despertar em nós os maus pensamentos. "Não contemples a beleza alheia; disso origina-se a concupiscência, que queima como o fogo" (Eclo 9, 8 -9). À vista seguem-se as imaginações pecaminosas, que acendem o fogo impuro.


São Francisco de Sales dizia: "Quem não quiser que o inimigo penetre na fortaleza, deve conservar as portas fechadas". Por essa razão foram os Santos tão cautelosos em seus olhares. Por temor de enxergarem inesperadamente qualquer objeto perigoso, conservavam os olhos quase sempre baixos, e se abstinham de olhar coisas inteiramente inocentes. São Bernardo, depois de um ano inteiro no noviciado, não sabia ainda se o teto de sua cela era plano ou abobadado. Na igreja do convento havia três janelas e ele não o sabia, porque conservara os olhos baixos. Evitavam os Santos, com cautela maior ainda, pôr os olhos em pessoa de outro sexo. São Hugo, bispo, nunca olhava para o rosto das mulheres com quem tinha de conversar. Santa Clara nunca olhava para a face de um homem. Aconteceu uma vez que, levantando os olhos para a Hóstia Sagrada, durante a Elevação, viu o rosto do sacerdote, com o que ficou profundamente aflita.

Julgue-se agora quão grande é a imprudência e temeridade dos que, não possuindo a virtude dum desses Santos, ousam passear suas vistas em todas as pessoas, não excetuando as de outro sexo, e querendo ainda ficar livre de tentações e do perigo de pecar. São Gregório diz (Dial. 1.2, c. 2) que as tentações que levaram São Bento a revolver-se sobre espinhos, provieram de um olhar imprudente sobre uma senhora. São Jerônimo, achando-se na gruta de Belém, onde continuamente orava e macerava seu corpo com as mais atrozes penitências, foi por longo tempo atormentado pela lembrança das damas que vira tempos antes em Roma. Como, pois, poderemos ficar preservados de tentações, quando nos expomos ao perigo, olhando e até fitando complacentemente pessoas de outro sexo?

O que nos prejudica não é tanto o olhar casual como o premeditado, o mirar. Razão porque Santo Agostinho diz (Reg. ad Serv. Dei, n. 6): "Se vossos olhos casualmente caírem sobre uma pessoa, cuja vista vos pode ser prejudicial, guardai-vos, ao menos, de fitá-la". E São Gregório diz: "Não é lícito contemplar ou extasiar-se com a vista daquilo que não é lícito desejar, pois, ainda que expulsemos os maus pensamentos que costumam seguir o olhar voluntário, deixam sempre uma mancha na alma". Tendose perguntado ao irmão Rogério, franciscano, dotado de uma pureza angélica, por que se mostrava tão reservado em seus olhares, quando tratava com mulheres, respondeu: "Se o homem foge à ocasião, Deus o protege; se se expõe a ela, Nosso Senhor o abandona e facilmente cairá no pecado".

Suposto mesmo que a liberdade que se concede aos olhos não produzisse outros males, impediria sempre o recolhimento da alma durante a oração; pois tudo o que vimos e nos impressionou, apresenta-se aos olhos de nossa alma e nos causa uma imensidade de distrações. Quem já tem recolhimento de espírito durante a oração, tome muito cuidado para não se ver privado dessa graça dando liberdade a seus olhos.

Está fora de dúvida que um cristão que vive sem recolhimento de espírito não pode praticar as virtudes cristãs da humildade, da paciência, da mortificação, como deveria. Guardemo-nos, por isso, de olhares curiosos, e só olhemos para objetos que elevam para Deus o nosso espírito. "Olhos baixos elevam o coração para o Céu", dizia São Bernardo. São Gregório Nazianzeno (Ep. ad Diocl.) escreve: "Onde habita Cristo com Seu amor, reina aí a modéstia". Com isso não quero, porém, dizer que nunca se deva levantar os olhos ou considerar coisa alguma; pelo contrário, é até bom, às vezes, olhar coisas que elevam nosso coração para Deus, como santas imagens, prados floridos, etc, já que a beleza dessa criatura nos atrai à contemplação do Criador.

Deve-se notar também que a modéstia dos olhos é necessária não só para nosso próprio bem, como para a edificação do próximo. Só Deus vê o nosso coração; os homens vêem apenas nossas obras externas e, ou se edificam, ou se escandalizam com elas. "Pelo rosto se conhece o homem", diz a Escritura (Eclo 19, 26), isto é, pelo exterior se depreende o que é o homem interiormente. Todo cristão, por isso, deve ser o que era São João Batista, conforme as palavras do Salvador (Jo 5, 35): "Uma lâmpada que arde e ilumina". Interiormente deve arder em amor divino; exteriormente, alumiar, pela modéstia, a todos os que o vêem. Também a nós se podem aplicar as palavras que São Paulo dirigiu a seus discípulos (I Cor 4, 9): "Somos o espetáculo dos anjos e dos homens". "A vossa modéstia seja conhecida de todos os homens" (Filip 4, 5).

Pessoas devotas são observadas pelos anjos e pelos homens, e, por isso, sua modéstia deve ser notória a todos, do contrário, deverão dar rigorosas contas a Deus no dia do Juízo. Observando a modéstia, edificamos sumamente os outros e os estimulamos à prática da virtude.

É celebre o que se conta de São Francisco de Assis: Uma vez deixou ele o convento junto a uma companheiro, dizendo que ia pregar; tendo dado uma volta pela cidade com os olhos baixos, entrou novamente no convento. 'Mas quando farás o sermão?', perguntou-lhe o companheiro. 'Já o fiz, respondeu-lhe o Santo, consistiu todo no resguardo dos olhos, do que demos exemplo ao povo'.

Santo Ambrósio diz que a modéstia das pessoas virtuosas é uma exortação mui poderosa ao coração dos mundanos. "Quão belo não seria se bastasse te apresentares em público para fazeres bem aos outros!" (In ps. 118, s. 10). De São Bernardino de Sena se conta que, mesmo antes de entrar para o convento, bastava só a sua presença para pôr fim às conversas livres de seus companheiros; mal o avistavam, diziam uns para os outros: Silêncio, Bernardino vem vindo; e então calavam-se ou começavam a falar de outras coisas. Santo Efrém, segundo o testemunho de São Gregório de Nissa, era tão modesto, que já a sua vista estimulava à devoção, e não se podia vê-lo sem se sentir levado a se tornar melhor. Mais admirável ainda é o que nos refere Suvio, do santo sacerdote e mártir Luciano: só por sua modéstia moveu muitos pagãos a abraçarem a santa Fé. O imperador Mazimiano, que fora disso informado, temendo sentir a sua influência e ser obrigado a converter-se, citou-o à sua presença, mas não quis vê-lo, e sujeitou-o ao interrogatório ocultando-o a suas vistas por uma cortina estendida entre os dois.

Nosso ideal mais perfeito de modéstia foi, porém, o nosso Divino Salvador mesmo, pois, como nota um célebre autor, os Evangelistas dizem, várias vezes, que o Redentor levantou os olhos em certas ocasiões, dando a entender, com isso, que tinha ordinariamente os olhos baixos. Por isso exalta o Apóstolo a modéstia de seu Divino Mestre, escrevendo a seus discípulos: "Rogo-vos pela mansidão e modéstia de Cristo" (II Cor 10, 1).

Concluo com as palavras de São Basílio a seus monges: "Se quisermos que nossa alma tenha suas vistas sempre postas no Céu, filhos queridos, conservemos nossos olhos sempre voltados para a terra". De manhã, ao despertar, devemos já pedir, com o Profeta: "Afastai meus olhos, Senhor, para que não vejam a vaidade" (Sl 118, 37).

Fonte: Tratado da Castidade - Santo Afonso Maria de Ligório

PORQUE A MODÉSTIA INCOMODA TANTO NOS DIAS ATUAIS?


Salve Maria Imaculada!

Carta de orientação do nosso fundador Hélio Maria.

Queridas filhas, eu como vosso pastor não por minha própria vontade, mas por vontade e eleição de Deus, quero vos orientar sobre as dificuldades que vocês enfrentam por querer viver a virtude da modéstia, já que tenho esta missão que me foi dada pelo Senhor: “Velai sobre o rebanho de Deus, que vos é confiado” (1Pe 5,2). 

Como já é de se notar, a modéstia no vestir tem incomodado a muitos...... E isto pode vos levar a um questionamento: Porque que a modéstia incomoda tanto nos dias atuais? A resposta é bem simples. Quando vocês eram do mundo e se vestiam como as outras mulheres do mundo, não havia queixas e nem criticas por parte delas, mas, uma vez que vocês abraçaram a fé e renunciaram a forma com que se vestiam, vocês se tornaram causa de piadas e chacotas. O primeiro fundamento que poderia vos dar é o que diz o apostolo São Pedro: "Estranham eles agora que já não vos lanceis com eles nos mesmos desregramentos de libertinagem, e por isso vos cobrem de calúnias" (I Pd 4,4). Este sem dúvida seria um dos primeiros motivos da modéstia ser tão odiada nos dias atuais. Afirma Santo Afonso Maria de Ligório: "Os que levam uma vida perversa não podem ver que os outros vivam santamente, porque a conduta destes é uma reprovação perene de seu perverso proceder". Tem razão o santo ao dizer isso, pois na Sagrada Escritura encontramos este fundamento: "Sua existência é uma censura às nossas ideias; basta sua vista para nos importunar. Sua vida, com efeito, não se parece com as outras, e os seus caminhos são muito diferentes" (Sb 2, 14-15).

Uma vez que agora vocês não se vestem mais de uma maneira impudica acaba incomodando aqueles que se vestem: "O impudico, que se gaba de suas imprudências e não sabe conversar sem tocar em coisas sujas, gostaria que todos agissem e falassem como ele. E quem assim não procede é acoimado por eles de traidor, de inculto, de pessoa trivial e insociável, sem sentimento de honra, se educação, o que não é para admirar, pois, sendo eles deste mundo, não conhecem senão a linguagem deste mundo" (Santo Afonso Maria de Ligório). É bem isto que acontece, os que se vestem de maneira impudica gostaria que todos se vestissem como eles, e como isto não acontece e por eles estarem levando uma vida ímpia, acabam abominando a vossa forma de viver: "O ímpio abomina aquele que anda pelo caminho certo" (Prov 29, 27).

Eis aí mais um dos motivos pelos quais os mundanos criticam, perseguem, atacam e cercam aqueles que querem fazer a vontade de Deus e que lutam para viverem de maneira santa. É como nos diz o Espírito Santo através do autor inspirado: "Cerquemos o justo, porque ele nos incomoda; é contrário às nossas ações; ele nos censura por violar a lei e nos acusa de contrariar a nossa educação" (Sb 2, 12). Esta censura e acusação muitas vezes não acontece por palavras, mas sim, como já citamos acima no livro da Sabedoria: "Sua existência é uma censura às nossas ideias; basta sua vista para nos importunar". Só a presença da modéstia no meio do mundo já é uma censura e acusação. É como costumo dizer, a modéstia é como um espelho, basta olhar para ela que veremos a nossa imodéstia.

Pois bem, não deixe que as criticas e os falatórios vos desanimem. Sabeis que é a Deus que vocês devem agradar e não ao mundo: "Por acaso tenho interesse em agradar aos homens? Se quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo" (Gl 1, 10). Olhai para a Santíssima Virgem e deixai que Ela seja o seu modelo, sejam como Ela em tudo, no andar, falar, rezar, olhar, vestir etc. E não tenhais medo de dar o seu tudo por Aquele que deu o seu tudo por nós. As criticas longe de nos atrapalhar, nos ajuda a entender que estamos no caminho certo.

"Pois todos os que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer a perseguição" ( II Tm 3, 12).

Att: Hélio Maria, inútil escravo da Santíssima Virgem.


Fonte: Sagrada Escritura, Livro: Escola de perfeição cristã - Santo Afonso Maria de Ligório

Papa Bento XV fala sobre moda

quarta-feira, 6 de maio de 2015



Salve Maria Puríssima!

Alguns trechos de um discurso do Papa Bento XV onde ele fala sobre moda, vestuário e modéstia!
Consegui estes trechos com Julie Maria. Os grifos são dela. A Tradução é de Anna Amato.

Papa Bento XV
Sabemos que certas modas de vestir, que entram hoje em uso entre as mulheres, são danosas ao bem da sociedade como aquelas que provocam o mal e de outro lado nos enche de assombro e estupor ao ver que quem proporciona o veneno, parece desconhecer a ação maléfica como quem incendeia a casa parece ignorar a força destruidora do fogo. Somente a suposição de tal ignorância, possibilita a explicação desta deplorável extensão que a moda pegou, hoje em dia, tanto contraria à aquela modéstia que deveria ser o ornamento mais belo da mulher cristã; sem a supra dita ignorância, parece-Nos que nenhuma mulher teria podido chegar ao excesso de usar vestidos indecentes, até ao aproximar-se dos lugares sagrados, ou apresentar-se diante de mestres da moral cristã.
Oh! com qual satisfação entendemos que as aderentes da União Feminina Católica, escreveram no programa, o propósito de mostrar-se honestas também na maneira de vestir. Fazendo isso, sentindo de seguir um dever de não dar escândalo mas de dar exemplo aos outros, demonstrarão de ter compreendido que a missão delas no mundo foi alastrando-se e devem dar o bom exemplo, não somente dentro das paredes domésticas, mas também no meio das ruas publicas e nas praças. Nós gostaríamos que as mulheres católicas, sentissem além da obrigação individual, o dever social e Nós gostaríamos que as mulheres católicas hoje aqui reunidas diante de Nós se juntassem para combater as modas indecentes não somente entre elas mas que esse trabalho possa alcançar pessoas e famílias.
Seria supérfluo dizer que uma boa mãe não deve permitir que as filhas cedam às falsas exigências de uma moda não muito apropriada, e quanto mais elevado for o lugar que essa ocupa tanto menos deve tolerar de que quem vai visitá-la ousa ofender a modéstia com a indecente maneira de vestir. Uma advertência impediria no futuro a audaz impertinência de transgredir os direitos de hospitalidade.
Original aqui.

Fonte: https://rosamulher.wordpress.com/2009/10/01/papa-bento-xv-fala-sobre-moda/


DA VIGILÂNCIA SOBRE OS PENSAMENTOS

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Salve Maria Puríssima! 

1)                A respeito dos maus pensamentos encontra-se, muitas vezes, um duplo engano:

 a) Almas que temem a Deus e não possuem o dom do discernimento e são inclinadas aos escrúpulos, pensam que todo mau pensamento que lhes sobrevêm é já um pecado. Elas estão enganadas, porque os maus pensamentos em si não são pecados, mas só e unicamente o consentimento neles. A malícia do pecado mortal consiste toda e só na má vontade, que se entrega ao pecado com claro conhecimento de sua maldade e plena deliberação de sua parte. E, por isto, Santo Agostinho ensina que não pode haver pecado onde falta o consentimento da vontade.

Por mais que sejamos atormentados pelas tentações, pela rebelião de nossos sentidos, pelas comoções ou sensações desregradas de nossa natureza corpórea, não existe pecado algum enquanto faltar o consentimento, como ensina também São Bernardo, dizendo: "O sentimento não causa dano algum, contanto que não sobrevenha o consentimento".

Para consolar tais almas timoratas e escrupulosas, quero oferecer-lhes aqui uma regra prática, aceita por quase todos os teólogos: Quando uma alma que teme a Deus e detesta o pecado, duvida se consentiu ou não em um mau pensamento, não está obrigada a confessar-se disso, porque, em tal caso, se tivesse realmente cometido um pecado mortal, não estaria em dúvida a esse respeito, porque o pecado mortal, para uma alma que teme a Deus, é um monstro tão horrendo, que não poderá ter entrada em seu coração sem o perceber.

b) Outros, que possuem uma consciência mais relaxada e são mal instruídos, julgam, pelo contrário, que os maus pensamentos nunca são pecados, mesmo havendo consentimento neles, contanto que não se chegue a praticar. Este erro é muito mais pernicioso que o primeiro. O que se não pode fazer, não se pode também desejar; por
isso, o mau pensamento em si contêm toda a malícia do ato. Assim como as más obras nos separam de Deus, também os maus pensamentos nos afastam d'Ele e nos privam de Sua graça. "Pensamentos perversos nos separam de Deus" (Sab 1, 3). Como as más obras estão patentes aos olhos de Deus, também Sua vista alcança todos os nossos maus pensamentos para condená-los e puni-los, pois "um Deus de ciência é o Senhor, e diante d'Ele estão patentes todos os pensamentos" (I Rs 2, 3).

2)                 Logo, nem todos os maus pensamentos são pecados, e nem todos os que são pecados trazem em si o mesmo cunho de malícia. Devemos considerar três coisas quando se trata de um pecado de pensamento, a saber: a sugestão, a deliberação e o consentimento. Alguns esclarecimentos a esse respeito:

a) Sob a palavra sugestão entende-se o primeiro pensamento que nos incita a praticar o mal que nos vem à mente. Esta instigação ou incitamento ainda não é pecado; se a vontade a repele imediatamente, é mesmo uma fonte de merecimentos. "Para cada tentação a que opuseres resistência, se te deverá uma coroa", diz Santo Antão. Até os Santos foram perseguidos por tais pensamentos. São Bento revolveu-se sobre os espinhos para vencer uma tentação impura, e São Pedro de Alcântara lançou-se em poço de água gelada. São Paulo nos informa que também ele foi tentado contra a pureza: "E para que a grandeza das revelações não me ensoberbece, foi-me dado um espinho em minha carne, um anjo de satanás para me esbofetear" (2 Cor 12, 7). O Apóstolo suplicou várias vezes ao Senhor que o livrasse desse inimigo: "Por essa causa roguei ao Senhor três vezes que o afastasse de mim". O Senhor não quis, porém, dispensá-lo do combate, e respondeu-lhe: "Basta-te a minha graça". E por que não queria o Senhor livrá-lo? Para que adquirisse maiores méritos por sua resistência à tentação: "Porque a virtude se aperfeiçoa na fraqueza". São Francisco de Sales diz que quando um ladrão procura arrombar uma porta, é porque não está ainda dentro da casa; assim também, quando o demônio tenta uma alma, é porque se acha ela ainda na graça de Deus.

Santa Catarina de Sena foi uma vez horrivelmente atormentada pelo demônio, durante três dias, com fortes tentações impuras. Apareceu-lhe então o Senhor para consolá-la, e ela perguntou-lhe: - Mas onde estivestes, Senhor meu, durante estes três dias? Jesus respondeu-lhe: Dentro do teu coração, dando-te força para resistires à tentação. E o Senhor deu-lhe a conhecer que o seu coração estava, depois da tentação, mais puro que antes.

b) À sugestão segue-se a deleitação. Quando nos damos ao trabalho de repelir imediatamente a tentação, sentimos nela uma certa complacência ou prazer, que nos vai arrastando ao consentimento. Mesmo então, se a vontade não dá seu assentimento, não há pecado mortal; quando muito, poderá haver pecado venial. Se, porém, não recorrermos então a Deus e não nos esforçarmos por resistir à tentação, facilmente nos sentiremos arrastados ao consentimento e perdidos, segundo as palavras de Santo Anselmo (De similit., c. 40): "Se não procuramos impedir a deleitação, ela se transformará em consentimento e matará a alma".

Uma senhora, que tinha fama de santa, teve, um dia, um mau pensamento, que não repeliu imediatamente, e pecou por pensamento. Por vergonha deixou de confessar esse pensamento criminoso e morreu, pouco depois, em estado de pecado. Porque morreu com fama de santidade, mandou o bispo que fosse sepultada em sua própria capela. No dia seguinte, porém, apareceu-lhe ela, toda circundada de fogo, e confessou-lhe, infelizmente já tarde demais, que estava condenada por ter consentido num mau pensamento.

c) Toda a malícia do mau pensamento está, porém, no consentimento. Havendo pleno consentimento, perde-se a graça de Deus e chama-se sobre si a condenação eterna, quer se tenha o desejo de cometer um pecado determinado, quer se pense ou reflita com prazer no pecado como se o estivesse cometendo. Esta última espécie de pecado chama-se uma deleitação deliberada ou morosa, e deve-se distinguir bem da primeira, isto é, do pecado de desejo.

3)                 Se fores, pois, molestada por tais tentações, alma cristã, não deves perder a coragem, antes, animosamente combater, empregando os meios que te vou indicar, e não sucumbirás:

a) O primeiro é humilhar-se continuamente diante de Deus. O Senhor castiga muitas vezes os espíritos soberbos, permitindo que caiam em qualquer pecado impuro. Sê, pois, humilde, e não confies em tuas próprias forças. Davi confessa que caiu no pecado por não ter se humilhado e ter confiado demais em si mesmo: "Antes de me haver humilhado, eu pequei" (Sl 118, 67). Devemos temer sempre a nossa própria fraqueza e colocar em Deus toda a nossa confiança, esperando firmemente que nos preserve desse vício.

b) O segundo meio é recorrer imediatamente a Deus, sem entrar em diálogo com a tentação. Logo que se apresentar ao nosso espírito um pensamento impuro, devemos elevar a Deus imediatamente o nosso pensamento ou dirigi-lo a qualquer objeto indiferente. A coisa melhor será invocar imediatamente os Santíssimos Nomes de Jesus e Maria, e não cessar de repeti-los até desaparecer a tentação. Se ela for muito forte, será bom repetir muitas vezes o seguinte propósito: Ó meu Deus, prefiro morrer a Vos ofender. Peça-se socorro, dizendo: Ó meu Jesus, socorrei-me. Maria, assisti-me. Os Nomes de Jesus, Maria e José possuem uma força especial para afugentar as tentações do demônio.

c) O terceiro meio é a recepção assídua dos Santos Sacramentos da Confissão e da Comunhão. É de suma importância revelar quanto antes ao confessor as tentações impuras. "Uma tentação revelada já está meio vencida", diz São Filipe Néri. E se alguém teve a infelicidade de consentir em uma tentação, não se demore nenhum instante em se confessar disso. São Filipe Néri livrou um rapaz desse vício, induzindo-o a confessar-se logo depois de cada queda.

A Santa Comunhão, está fora de dúvida, confere uma grande força na resistência às tentações desonestas. O Sangue de Jesus Cristo, que recebemos na Sagrada Comunhão, é chamado pelos Santos de 'Vinho gerador de Virgens' (Zac 9, 17). O vinho natural é um perigo para a castidade; este Vinho Celestial é o seu conservador.

d) O quarto meio é a devoção à Imaculada Mãe de Deus, que é chamada a Virgem das Virgens. Quantos jovens não se conservaram puros e castos como Anjos, devido à devoção à Santíssima Virgem!

e) O quinto meio é a fuga da ociosidade. O Espírito Santo diz (Ecli 33, 21): "A ociosidade ensina muita coisa má", isto é, ensina a cometer muitos pecados. E o profeta Ezequiel (Ez 16, 49), assevera que foi a ociosidade a causa das abominações e ruína final dos habitantes de Sodoma. Conforme São Bernardo, a ociosidade motivou a queda de Salomão. Por isso São Jerônimo exorta a Rústico (Ep. ad Rust., 2) que esteja sempre ocupado, para que o demônio não o preocupe com suas tentações. "Quem trabalha é tentado por um demônio só; quem vive ocioso, é atacado por uma multidão deles", diz São Boaventura.

f) O sexto meio consiste no emprego de todas as precauções exigidas pela prudência, tais como a modéstia dos olhos, a vigilância sobre as inclinações do coração, a fugida das ocasiões perigosas, etc.

Fonte: Tratado da Castidade - Santo Afonso


EXCELÊNCIA DA CASTIDADE

Salve Maria Puríssima!

Ninguém melhor que o Espírito Santo saberá apreciar o valor da castidade. Ora, Ele diz: "Tudo o que se estima não pode ser comparado com uma alma continente" (Ecli 26, 20), isto é, todas as riquezas da terra, todas as honras, todas as dignidades, não lhe são comparáveis. Santo Efrém chama a castidade de "a vida do espírito"; São Pedro Damião, "a rainha das virtudes"; e São Cipriano diz que, por meio dela, se alcançam os triunfos mais esplêndidos. Quem supera o vício contrário à castidade, facilmente triunfará de todos os mais; quem, pelo contrário, se deixa dominar pela impureza, facilmente cairá em muitos outro vícios e far-se-á réu de ódio, injustiça, sacrilégio, etc.

A castidade faz do homem um anjo. "Ó castidade, exclama Santo Efrém (De cast.), tu fazes o homem semelhante aos anjos". Essa comparação é muito acertada, pois os anjos vivem isentos de todos os deleites carnais; eles são puros por natureza; as almas castas, por virtude. "Pelo mérito desta virtude, diz Cassiano (De Coen. Int., 1. 6, c. 6), assemelham-se os homens aos anjos"; e São Bernardo (De mor. et off., ep., c. 3): "O homem casto difere do anjo não em razão da virtude, mas da bem-aventurança; se a castidade do anjo é mais ditosa, a do homem é mais intrépida". "A castidade torna o homem semelhante ao próprio Deus, que é um puro espírito", afirma São Basílio (De ver. virg.).

O Verbo Eterno, vindo a este mundo, escolheu para Sua Mãe uma Virgem, para pai adotivo um virgem, para precursor um virgem, e a São João Evangelista amou com predileção porque era virgem, e, por isso, confiou-lhe Sua santa Mãe, da mesma forma como entrega ao sacerdote, por causa de sua castidade, a santa Igreja e Sua própria Pessoa.

Com toda a razão, pois, exclama o grande doutor da Igreja, Santo Atanásio (De virg.): 'Ó santa pureza, és o templo do Espírito Santo, a vida dos Anjos e a coroa dos Santos!".

Grande, portanto, é a excelência da castidade; mas também terrível é a guerra que a carne nos declara para no-la roubar. Nossa carne é a arma mais poderosa que possui o demônio para nos escravizar; é, por isso, coisa muito rara sair-se ileso ou mesmo vencedor deste combate. Santo Agostinho diz (Serm. 293): "O combate pela castidade é o mais renhido de todos: ele repete-se cotidianamente, e a vitória é rara".

"Quantos infelizes que passaram anos na solidão, exclama São Lourenço Justiniano, em orações, jejuns e mortificações, não se deixaram levar, finalmente, pela concupiscência da carne, abandonaram a vida devota da solidão e perderam, com a castidade, o próprio Deus!"


Por isso, todos os que desejam conservar a virtude da castidade devem ter suma cautela: "É impossível que te conserves casto, diz São Carlos Borromeu, se não vigiares continuamente sobre ti mesmo, pois negligência traz consigo mui facilmente a perda da castidade".

Fonte: Tratado da Castidade - Santo Afonso

Quais são as carícias permitidas no namoro?

Salve Maria Puríssima!






Se o sexo fora do casamento é pecado, até onde podem ir as carícias no namoro? Para compreender a delicadeza do tema, é preciso lembrar que nem sempre o oposto do amor é o ódio. Na teologia moral, o contrário do amor pode ser justamente "usar o outro", usar o corpo da outra pessoa para o
próprio prazer e gratificação sexual.

Muitas coisas num namoro são feitas justamente "em nome do amor", porém, são exatamente o contrário disso: são a prova de que não há amor nenhum, mas sim um uso do outro. Não há sujeito, mas tão somente um objeto.

A linha que torna as carícias imorais num namoro obedece a um critério fundamental: o próprio corpo. Quando o corpo começa a sinalizar que está se preparando para uma relação sexual, é porque o limite foi ultrapassado. A lógica é simples: se duas pessoas não vão manter uma relação sexual, não precisam preparar-se para ela. Nesse sentido, insistir indevidamente em carícias representa um grave risco para ambos.

O Padre Antonio Royo Marín, O.P., em sua obra Teología Moral para seglares ["Teologia Moral para leigos"][01], apresenta um esquema bastante específico sobre as práticas que se constituem pecado. Ele afirma que olhar e tocar nas partes íntimas da outra pessoa é pecado grave:

600. 1º. Olhares e toques.

a) Será ordinariamente pecado mortal olhar ou tocar sem causa grave (como a tem o médico, cirurgião, etc.) as partes desonestas de outras pessoas, sobretudo se são do sexo oposto, ou se são do mesmo, se se tem inclinação desviada por ele. Diga-se o mesmo com relação aos seios das mulheres.

b) Pode ser simplesmente venial olhar as próprias partes unicamente com rapidez, curiosidade, etc., excluída toda intenção venérea ou sensual e todo perigo próximo de excitar nelas movimentos desordenados. Não é pecado algum fazer o mesmo por necessidade ou conveniência (v.gr., para curar uma enfermidade, lavar-se, etc.)

c) Para julgar a importância ou a gravidade dos olhares e dos toques nas partes restantes do próprio corpo ou de outros, mais que a anatomia, há que se conhecer a intenção do agente, o influxo que pode exercer na comoção carnal e as razões que houve para permiti-los, de acordo com os princípios anteriormente expostos. Às vezes será pecado mortal o que em outras circunstâncias ou intenções seria tão somente venial e quiçá pecado algum.

d) O que foi dito em relação ao corpo humano aplica-se à vista de estátuas, quadros, fotografias, espetáculos, etc., e na medida, grau e proporção com que se pode excitar a própria sensualidade.

Quanto aos beijos e abraços, é preciso recordar que o que faz um pecado é a intenção. Assim, beijos e abraços com a intenção de se excitar e de excitar a outra pessoa, são realmente pecados graves, pois a intenção é pecaminosa. Amar significa também manter-se casto.

Em relação aos beijos apaixonados trocados por pessoas que já possuem um sério compromisso, é seguinte o parecer do Pe. Royo Marín:

602.2º. Beijos e abraços.

a) Constituem pecado mortal quando se pretender com eles excitar diretamente ao deleite venéreo, ainda que se trate de parentes e familiares (e com maior razão entre estes, pelo aspecto incestuoso de seus atos).

b) Podem ser mortais, com muita facilidade, os beijos passionais entre noivos (ainda que não se tente o prazer desonesto), sobretudo se são na boca e se prolongam algum tempo; pois é quase impossível que não representem um perigo próximo e notáveis movimentos carnais em si mesmo ou na outra pessoa. Quando menos, constituem uma falta grandíssima de caridade para com a pessoa amada, pelo grande perigo de pecar a que ela se expõe. É incrível que essas coisas sejam feitas feitas em nome do amor (!). Esta paixão cega não os deixa ver que esse ato de paixão sensual, longe de constituir um ato de verdadeiro e autêntico amor - que consiste em desejar fazer o bem ao ser amado -, constitui, na realidade, um ato de refinadíssimo egoísmo, posto que não hesita em satisfazer a própria sensualidade à custa de causar um grande dano moral à pessoa amada. Diga-se o mesmo dos toques, olhares, etc., entre esta classe de pessoas.

c) Um beijo rápido, suave e carinhoso dado a outra pessoa em testemunho de afeto, com boa intenção, sem escândalo para ninguém, sem perigo (ou muito remoto) de excitar a própria sensualidade ou do outro, não pode ser proibido em nome da moral cristã, sobretudo se há alguma causa razoável para ele; v.gr., entre prometidos formais, parentes, compatriotas (de onde seja costume), etc.

d) O que acabamos de dizer pode aplicar-se, na devida proporção, aos abraços e outras manifestações de afeto.

É preciso ter sempre em mente que o amor acontece entre dois sujeitos, e não entre um sujeito e um objeto. Por isso, a Igreja ensina a não transformar o outro em coisa, em brinquedo. Sobretudo se deve respeitar o corpo do ser amado como templo do Espírito Santo, caminhando com ele rumo ao céu, para que um dia possam concelebrar, junto com os anjos e com os santos, o amor de Deus.

Referência:
MARÍN, Antonio Royo, "Teología Moral para seglares - Moral Fundamental y especial", 600-602, p. 1533

Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/quais-sao-as-caricias-permitidas-no-namoro

A origem das vestes

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Salve Maria Puríssima!

É importante preocupar-se com a forma de se vestir? 

No Livro de Gênesis no Cap. 2, 25 vemos que o homem e a mulher viviam nus e não se envergonhavam, mas, logo depois da queda houve uma preocupação em relação ao vestir-se, ao cobrir o corpo: "Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira, ligaram-nas e fizeram cinturas para si" (Gn 3, 7). E o mais interessante em tudo isto é notar que a forma da qual Adão e Eva se cobriram não agradou a Deus, então o próprio Deus faz uma veste, uma roupa para o casal: "Iahweh Deus fez para o homem e sua mulher túnicas de pele, e os vestiu" (Gn 3, 21). E porque será que Deus fez túnicas? Porque na túnica está presente todos os padrões exigidos pela modéstia, a túnica cobre todo o corpo e não marca, isto é, não deixa transparecer a forma do corpo.  A veste que Deus faz é bem diferente da veste que o casal havia feito. Provavelmente a roupa que o casal havia feito tampava somente os genitais e agora Deus faz uma que cobre todo o corpo. Deus sabe a desordem que o pecado causou no casal e que por isto a veste não podia cobrir somente os genitais.

Com isto, vemos como a questão das vestes entra no mundo, e que pelo fato do próprio Deus ter feito uma veste, mesmo que o casal já tivesse feita uma, nos mostra que não é qualquer forma de se vestir e de cobrir o corpo que agrada a Ele. Por isto, a veste, a roupa, é uma consequência do pecado. E de lá para cá sempre houve uma preocupação da Igreja em relação ao vestir-se. Até mesmo na Igreja Primitiva vemos esta preocupação com o vestir, o Apóstolo São Paulo diz: "Quero que as mulheres usem traje honesto, ataviando-se com modéstia e sobriedade" (I Tm 2, 9).

Deus quer então que usemos vestes honestas, isto é, vestes que não seja uma ocasião de pecado, como nos exortou o Papa Pio XII: "Se certo tipo de vestimenta constitui uma ocasião grave e imediata de pecado, e põe em perigo a salvação de sua alma e de outros, é seu dever desistir de usá-lo". 

Devemos nos preocupar com o nosso vestir, porque ele nos revela quem nós somos:

A VESTE de um homem, seu sorriso e o seu andar revelam o que ele é” (Cf. Eclesiástico 19, 30), isto na Tradução da Bíblia Jerusalém.

Já na Tradução da Ave-Maria está assim: “As VESTES do corpo, o riso dos dentes, e o modo de andar de um homem fazem-no revelar-se” (Cf. Eclesiástico 19, 27). E Santo Ambrósio ajunta que “na atitude corporal se vê a disposição do espírito” e que “o movimento corporal é como uma voz da alma”.

Daí a afirmação de Ambrósio: pelos movimentos exteriores é que julgamos se um homem, no fundo do seu coração, é leviano, arrogante ou perturbado; ou se, pelo contrário, é ponderado, constante, puro e amadurecido”.

Também o Catecismo da Igreja Católica nos ensina que: "A atitude corporal (gestos, roupa) há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede" (Catecismo da Igreja Católica n. 1387).

Vemos também que a questão das vestes, sempre foi uma preocupação da Igreja:

Papa Pio XII disse: Agora, muitas meninas não vêem nada de errado em seguir certos estilos desavergonhados, assim como muitas ovelhas. Elas certamente enrubesceriam se pudessem adivinhar a impressão que elas causam e os sentimentos que despertam em quem as vê”. (Alocução às Filhas de Maria Imaculada, 17 de julho de 1954).

Elas certamente enrubesceriam (a palavra enrubescer, significa, tornar-se vermelho)  se pudessem adivinhar a "impressão que elas causam e os sentimentos que despertam em quem as vê" afirma o Papa. Realmente dependendo da veste, curta, transparente, apertada e etc, gera um sentimento de pecado em quem vê. Pecados como, a impureza dos olhos, dos pensamentos, da masturbação, de adultério, já que Jesus nos adverte dizendo: "todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração" (Mt 5, 28).

Por isto afirma Santo Agostinho: “Em todos os vossos movimentos, nada se faça que ofenda os olhos de quem quer que seja, mas só o que convém à vossa santidade”.

o Papa Bento XV expressou seu choque por causa das mulheres que abraçam as tendências da moda. Ele escreveu: “Não se pode deplorar suficientemente a cegueira de tantas mulheres de qualquer idade e posição. Feitas de bobas por um desejo de agradar, elas não veem em que medida a indecência de suas roupas choca a cada homem honesto e ofende a Deus. A maioria delas ficaria enrubescida por causa deste tipo de vestuário, como por uma falta grave contra a modéstia cristã. Agora não basta exibir-se em vias públicas, elas não temem cruzar o limiar de igrejas, para assistir ao Santo Sacrifício da Missa, e até mesmo carregar o alimento sedutor das paixões vergonhosas para a mesa eucarística, onde se recebe o Autor da Pureza Celestial. E nem vamos falar das danças exóticas e bárbaras recentemente importadas para os círculos da moda, uma mais chocante que a outra; não se pode imaginar nada mais adequado para banir todos os resquícios de modéstia.” (Carta Encíclica Sacra Propediem, 6 de janeiro de 1921.)

Papa Pio XII: ”Ó mães cristãs, se vocês soubessem o que um futuro de ansiedades e perigos, de dúvidas depressivas, de mal suprimida vergonha vocês preparam para seus filhos e filhas, deixando-os imprudentemente acostumados a viver escassamente vestidos e fazê-los perder o senso de pudor, vocês teriam vergonha, e temeriam o dano que vocês estão causando a vocês mesmas, os danos que vocês estão causando a essas crianças, a quem o Céu confiou a vocês para serem educadas como cristãs”. (Alocução às Meninas da Ação Católica, 22 de maio de 1941.)

São João Crisóstomo instruiu as mulheres de todos os tempos sobre o vestuário, quando no século IV, ele declarou:

“Você carrega suas armadilhas e espalha suas redes em todos os lugares. Você alega que nunca convidou os outros ao pecado. Você não fez isso, certamente, por suas palavras, mas você tem feito isso através do seu vestuário e do seu comportamento. … Quando você fez com que outro cometesse pecado em seu coração, como pode ser inocente? Diga-me, quem é condenado neste mundo? Quem os juízes punem? Aqueles que bebem veneno ou aqueles que o preparam e administram a poção fatal? Você preparou o copo abominável, você tem dado a morte como bebida, e você é mais criminosa do que aqueles que envenenam o corpo, você assassina não o corpo, mas a alma. E não é aos inimigos que você faz isso, nem por qualquer necessidade imaginária, nem provocada pela injúria, mas por tola vaidade e orgulho.”

Num documento mais recente do ano de 1995 vemos que as coisas não mudaram, mas mostra que o pensamento da Igreja continua sendo o mesmo. Quero colocar aqui um parte do documento para que ninguém diga que as coisas mudaram depois do concílio Vaticano II.

O pudor e a modéstia:

"A prática do pudor e da modéstia, no falar, no agir e no vestir, é muito importante para criar um clima apropriado à conservação da castidade, mas isto deve ser bem motivado pelo respeito do próprio corpo e da dignidade dos outros. Como já se mencionou, os pais devem vigiar a fim de que certas modas e certas atitudes imorais não violem a integridade da casa" (Conselho Pontifício para a família, Sexualidade humana: verdade e significado n.56).


"O pudor é modéstia. Inspira o modo de vestir" (Catecismo da Igreja Católica n. 2522).

Por: Hélio Maria