Por Mary Beth Bonacci
Atingir a castidade no interior de nossas mentes não é uma tarefa fácil. É uma luta para a vida toda, e deve ser lutada dia após dia.
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Aparentemente, estou me tornando a rainha dos “artigos em duas partes”. Uma vez que inicio um assunto, geralmente há muito mais a se dizer, e às vezes um artigo só não basta.
Meu último artigo não é exceção. Nele eu falava sobre uma edição de revista com mulheres de biquíni. Quando Cristo disse: “qualquer homem que olhe para uma mulher com luxúria no coração já cometeu adultério com ela em seu coração”, Ele deixou claro que a castidade – e a falta dela – não começam com o que fazemos, mas sim com o que pensamos. O fato de buscar de livre e espontânea vontade uma estimulação sexual desordenada, mesmo que seja através da imaginação, já constitui um pecado contra a castidade.
Mas há um outro lado, que também merece atenção. No último artigo, falava de pessoas que, de livre e espontânea vontade, procuravam pensamentos sexuais desordenados. Mas o que dizer sobre todos aqueles pensamentos sexuais que surgem em nossa mente – dia após dia – sem desejarmos? Eles também são pecaminosos? E, se são, como alguém pode ser santo?
Primeiramente, é importante compreender que é impossível pecar “acidentalmente”. O pecado tem que ser o resultado de uma livre escolha. O pecado acontece na vontade, não no subconsciente, nem nos hormônios, nem em outro lugar.
Deus nos criou homem e mulher. E Ele nos criou para sermos sexualmente atraentes um para o outro, homem sexualmente atraente para a mulher, e a mulher sexualmente atraente para o homem. Isso é uma coisa boa no casamento, onde a atração deve, supostamente, ser levada às últimas conseqüências. O problema é que nossos hormônios não parecem discernir quem é “esposo(a)” de quem é “não-esposo(a)”. E portanto, de tempos em tempos, respondemos sexualmente a uma pessoa “não-esposo(a)”. Começamos a pensar que nos daria muito prazer usar o corpo dessa pessoa. Então é aí que reside o desafio.
Os cristãos são chamados a permanecer acima dos instintos básicos. Isso significa que, quando esses pensamentos aparecem no cérebro, devemos deixá-los ir. Olhamos para além da atratividade sexual dessa pessoa, para vê-lo(a) como uma imagem e semelhança muito amada de Deus. O pecado da luxúria ocorre quando, ao invés de fazer isso, de livre e espontânea vontade nos apegamos a esses pensamentos, e dizemos: “Eu quero pensar um pouco mais sobre usar essa pessoa para meu prazer pessoal”. Nesse ponto, já estamos realmente usando a outra pessoa para conseguir prazer sexual para nós mesmos. Quando deliberadamente consentimos com esses pensamentos, quando começamos a nos apegar à fantasia, então pecamos contra a castidade. É como disse um estudante meu: “Não é o primeiro olhar que te coloca em perigo, é o segundo”.
Nossa vida emocional, infelizmente, também pode contribuir para as fantasias sexuais não-desejadas. O Pe. Benedict Groeschel, em seu excelente livro “A coragem de ser casto”, diz que essas fantasias muitas vezes refletem a nossa necessidade de carinho, reforço, intimidade e amor espiritual. Quando não temos esse carinho e amor espiritual, tendemos a ficar mais vulneráveis às fantasias sexuais desordenadas.
Isso faz com as pessoas mais sensíveis lutarem contra o sentimento de culpa, muitas vezes desnecessariamente. Essas pessoas pensam que são más só porque esses pensamentos aparecem em suas mentes. Elas acham que a castidade significa que seus impulsos sexuais deviam desaparecer. Nada poderia estar mais longe da verdade. Esses pensamentos involuntários não são pecaminosos em si. Sim, eles são um convite ao pecado (essa é a definição de tentação). Mas não pecamos, a não ser que aceitemos o convite. Podemos ser invadidos por pensamentos sexuais o dia todo, mas enquanto não consentirmos voluntariamente neles, não há pecado. (Consentimento, de acordo com o Pe. Groeschel, significa ter a consciência mental de dizer, “Isso é pecado, mas eu vou fazer mesmo assim”).
É claro, esses pensamentos nem sempre vão embora assim facilmente. Eles ficam grudados na mente, atormentando-nos. Tentar forçar-los a sumir da mente é inútil. (Você já tentou não pensar em algo? O próprio ato de tentar parar de pensar naquilo faz você pensar mais ainda). E mesmo que conseguíssemos expulsar da mente os pensamentos sexuais, isso não seria lá muito saudável. É uma forma de repressão à sexualidade. Enterrar pensamentos assim ajuda a mantê-los vivos no subconsciente, onde eles podem causar todo tipo de problema.
Então, o que fazer? Nós não cedemos e damos atenção a esses pensamentos, mas também não ficamos com medo, tentando afastá-los. Nós simplesmente reconhecemos esses pensamentos como parte do que é ser humano, e então levamos nossa atenção para outra coisa. Podemos nos distrair com outra coisa. (Pe. Groeschel observa que poucas pessoas se sentiriam tentadas durante um alarme de incêndio). Nós ignoramos os pensamentos, mesmo que eles clamem por nossa atenção. No final das contas, eles se vão.
Também é importante manter nossas vidas em ordem. Se a solidão ou a necessidade de intimidade está servindo de combustível para nossa imaginação, precisamos mudar de vida, satisfazer essas necessidades – do modo correto.
Em resumo, não é fácil lidar com pensamentos que nos prometem tanto prazer. Precisamos da ajuda de Deus. A castidade sem oração é impossível. Toda virtude moral diz respeito a recusar certo prazer momentâneo em troca de uma felicidade duradoura. E isso requer uma força maior do que a possuímos.
Atingir a castidade no interior de nossas mentes não é uma tarefa fácil. É uma luta para a vida toda, e deve ser lutada dia após dia. O Pe. Groeschel nos encoraja, dizendo que “toda tentação resistida é um grande ato de louvor a Deus. Resistir à tentação e não buscar o caminho mais fácil é um reconhecimento poderoso da soberania de Deus... Mesmo se a pessoa cair depois, ela terá cumprido um ato de louvor obediente que não será esquecido” (A coragem de ser casto, p. 90).
Resista à tentação. Não é fácil, mas as recompensas são enormes.
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Traduzido de Catholic Education Resource Center: http://catholiceducation.org/articles/sexuality/se0051.html
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