Modéstia no Porte

sábado, 23 de abril de 2011

  "A modéstia, como a castidade, está ligada à virtude cardeal da temperança" (Santo Tomás). "Ela aplica o compasso e a régua a todos os membros, a todos os sentidos, a todos os movimentos corporais" (P.Saint-Jure). Vê-se facilmente o que a modéstia é para a virgindade, se repararmos naquelas palavras de um grande santo: "Que tudo seja virgem na virgem, a vista, o ouvido, o gosto, o tato, o olfato e cada um dos seus movimentos" (Santo Antoninho). Para continuarmos o exercício da vigilância, estudemos: - a modéstia no porte; - a modéstia nos olhares.

I- A modéstia no porte

     "A modéstia é uma virtude que, pelo respeito devido à presença de Deus, para edificação do próximo e por um sentimento de dignidade pessoal, regula com decoro todo o exterior do homem: a sua conduta, olhar, o gesto, as palavras, as diligências; ela ordena e compõe tudo conformemente à idade, à condição, sem afetação nem singularidade; é o reflexo, senão da santidade, pelo menos da probidade e da decência que devem existir interiormente". (Pe Valuy)

     "A modéstia serve de égide à castidade, afastando as ocasiões e os perigos. Sem a modéstia, uma religiosa expõe-se a comprometer a sua vocação e a escandalizar o próximo. Pelo contrário, uma religiosa modesta afasta os inimigos da sua salvação, mantém em respeito todas as pessoas que a rodeiam, e inspira, sem as procurar, grande estima por si e uma grande concepção sobre o estado religioso". (R.P.Meynard) A modéstia faz do nosso corpo "a guarda e como que a custódia de um Deus; guarda e mostra Deus no nosso corpo" (Pe. de Pontevoy)

     A fisionomia desta virtude reflete-se primeiro no conjunto das atitudes. Os santos advertem-nos de que nunca devemos familiarizar-nos e que nos portemos com temor e dignidade, quando estamos sob o único olhar de Deus; "a virgem não receia senão a si própria" (Tertuliano). Enquanto que a austeridade é a guardiã da castidade, uma conduta mole provoca naturalmente as revoltas sensuais; "há atitudes de corpo que enervam e fazem perder a razão mais depressa do que o vinho" (Santo Ambrósio). Como nos portamos? Escutai: "Só, ao levantar, ao deitar, no estudo, na maneira de caminhar e de nos sentarmos, nas mínimas atitudes em que se emancipa muitas vezes aquele que está ao abrigo de todo o olhar", São Francisco de Sales nunca se dispensa "das mínimas regras do decoro; sozinha como se estivesse acompanhada; em companhia como se estivesse sozinha". (Mons. Camus)

     É que os santos começam por regular o seu interior. Se as lembranças perigosas, os desvios da imaginação, os desejos sensuais, os afetos demasiado sensíveis não forem mantidos em respeito, os sentidos, um momento contidos, recuperam imediatamente a sua liberdade.

     Os que estabeleceram "a sua morada na paz" (Salmo LXXV, 3), governam tanto mais facilmente o seu exterior. O santo de Genebra "conservava sempre a cabeça erguida, evitando igualmente a ligeireza que a faz voltar-se para todos os lados, a negligência altiva e empertigada que a inclina para trás; todo o seu porte era nobre e santo, majestoso sem pretensão, natural sem moleza nem desleixo; nunca tinha uma maneira de estar ou de proceder que não estivesse em ordem; ou que se pudesse dizer inspirado pelo amor das suas comodidades". (M. Hamon)

     Eis um modelo; comparemo-lo com o nosso porte. Como pormenores, pode acrescentar-se que "a modéstia ordena um caminhar grave, nem demasiado lento nem demasiado precipitado" (São Basílio); "ela proíbe que nos sentemos de maneira descuidada ou que cruzemos os pés" (Santo Afonso Maria de Ligório); finalmente proíbe toda a negligência ou liberdade desordenada. Em toda a parte e sempre "devemos ser decorosos e reservados: em casa, pelo respeito devido aos nossos irmãos; na rua, pelo respeito aos transeuntes; na solidão, pelo respeito a nós mesmos; em toda a parte, por causa do Verbo que está em toda a parte". (Clemente de Alexandria)

Fonte:www.a-grande-guerra.blogspot.com

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