Durante a Santa Missa, participamos do espetáculo de amor que o Deus Pai nos reserva através do sacrifício incruento do seu filho amado, Nosso Senhor Jesus Cristo. Compreender esse mistério é impossível, mas ter reverência a ele não o é.
Reverência implica respeito que vem do interior do nosso coração e se exterioriza através de atitudes. A primeira e maior reverência a Nosso Senhor acontece na conversão pelo Sacramento da Penitência, posto que receber a Hóstia Santa em pecado mortal é um grande erro, é um sacrilégio.
Quando passamos diante do Sacrário, temos obrigação de ajoelharmo-nos (se tivermos saúde para tanto, se não, pelo menos inclinar a cabeça) como se faz diante dos reis, tendo consciência de que Aquele é o Rei do Universo, nossa Divina Majestade. O pudor não pode ser esquecido, é conveniente que as vestes cubram nosso corpo com decência em todos os lugares e, em especial, nos momentos da Missa em que a modéstia deve nos orientar, pois o centro d’ela é Jesus e não os nossos caprichos ou vaidades.
O uso do véu, para as mulheres obviamente, é um desses atos de reverência que podem ser utilizados, apesar de ter sido suprimida sua obrigatoriedade canônica. Diante do quadro atual da falta de delicadeza para com Nosso Senhor, é também um protesto na forma de lembrete em prol do respeito ao sagrado, por isso é bom que quem use o véu tenha cuidado no modo de se vestir e se portar na Santa Missa (e fora desta). Aconselho, para o bem e a salvação da humanidade, que se ofereça esse gesto de piedade em reparação pelas almas que fazem uso de modas escandalosas.
Esse costume, definitivamente, chama atenção das pessoas, mas não do modo como uma mulher impudica o faz, muito pelo contrário. Como tem um sentido dentro do Rito Litúrgico e frente aos Sacramentos da Igreja, a mantilha ressume sinais: tentaremos demonstrar alguns em seguida, diante desse contexto sagrado e da própria missão da mulher no mundo.
Quando Deus criou o homem, viu que não era bom que ficasse só, então disse: “vou dar-lhe uma ajuda que seja adequada” (Gn 2,18). Essa ajuda, todos nós sabemos qual foi: a mulher. Por isso, nos diz o filósofo Julián Marías que a missão da mulher é impelir para cima: acima de si mesma e do homem. A realidade da mulher, portanto, não se manifesta abertamente, pois o que nos eleva aos céus é a riqueza da vida interior. O pudor, dessa maneira, denuncia esse sublime interesse, convida ao homem a alcançá-lo e à mulher a vivenciá-lo, o que é, no final das contas, valorizar a si mesma.
Marías explica que as linhas do rosto feminino desenham uma clausura: a mulher está sempre um pouco atrás da sua face. Por isso o véu lhe “cai tão bem”. Inspira sossego e resignação. Hodiernamente, as pessoas desprestigiam essas virtudes porque se negam a enxergar a futura velhice, a enfermidade, a ausência e até a morte que fazem parte da vida. Porém, é elegante constatá-las para não nos esquecermos da nossa limitação e que se “do pó viemos, ao pó retornaremos”, por isso nada mais urgente do que “convertermo-nos e crermos no Evangelho”.
Ante essa missão antropológica que as mulheres possuem, em um Rito Litúrgico, a mantilha se adapta como luvas em mãos. Na Santa Igreja, deixamos os problemas do mundo para trás a fim de nos abrigarmos à sombra das asas do Altíssimo, pois seu “fardo é leve” e seu “julgo é suave”. Ao nos encontramos em frente a essa instituição divina, ficamos a um passo desse manancial de misericórdias. Colocamos, então, o véu que representa a fina distinção do ambiente de onde vimos para aquele onde adentramos.
A Irmã Patrícia Therese diz que o véu motiva a mulher a inclinar a cabeça em oração silenciosa, isto, de fato, é o que todos devemos fazer quando nos encontramos no Templo de Cristo, por conta da grande beleza e mistério de Jesus Sacramentado. Nossa submissão a Deus é evidenciada pela coberta da cabeça e, sendo a mulher representante da humanidade, relembra-nos que esta, para seu próprio bem, só terá ordem quando for obediente ao verdadeiro Rei que é Cristo: “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,6).
Com toda a certeza, o mundo reage contra isso porque não quer que as coisas se coloquem nos seus devidos lugares, já que sabemos quem é seu “príncipe”. Felizmente, tal celeuma não é capaz de alterar a realidade (não se esqueça o que a Virgem Maria já nos prometeu: no final, seu Imaculado Coração triunfará), ainda que essa resistência a torne mais problemática.
A mulher que faz, pois, uso de uma mantilha nas Santas Missas e capelas em que Cristo está presente, manifestando através desse gesto de piedade exterior suas prudentes escolhas internas, permite, enfim, que quem a cubra seja o próprio Jesus. O uso do véu se converte em apelo à vida espiritual e à submissão da humanidade a Deus. Por isso, faço minhas as palavras de Ir. Patrícia: “use sua mantilha com prazer” e que Deus lhe abençoe.
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